A cura da hepatite C será uma realidade em dois anos, na opinião de especialistas, que qualificaram neste domingo de "revolucionários" os avanços registrados no tratamento da doença.
O médico Jacob George, professor de Gastroenterologia e Medicina Hepática da Universidade de Sydney, na Austrália, mostrou na Conferência da Associação do Pacífico Asiático para o estudo do Fígado, realizado em Taipé (Taiwan), os resultados de um promissor estudo, publicado em "The New England Journal of Medicine".
George explicou em entrevista coletiva que, pela primeira vez, se demonstrou "a possibilidade de que a hepatite C possa ser curada", já que uma nova combinação de remédios em pesquisa suprime com sucesso a infecção genótipo 1, o mais difícil de tratar, naqueles pacientes que não tinham respondido ao tratamento prévio.
O médico assinalou que nos doentes nos quais não foi eficaz o tratamento exclusivo com PEG-interferon alfa e ribavirina, foi lhes dada uma combinação de dois agentes antivirais (daclatasvir e asunaprevir), conseguindo erradicar o vírus do sangue em "todos os pacientes" que participaram do teste.
George também se referiu aos resultados "animadores" quanto a efeitos secundários porque são "menores" e em nenhum caso "sérios", sendo a diarreia moderada o mais comum, enquanto as drogas convencionais se associavam com febre, dores em geral, anemia e depressão, por isso que só a metade dos pacientes concluía o ciclo completo do tratamento de 12 semanas.
O chefe do serviço de Hepatologia do Hospital Vall d'Hebron de Barcelona, Rafael Esteban, informou à Efe que a hepatite C genótipo 1 é a mais frequente, o mais difícil de tratar e a principal causa do câncer hepático e da cirrose crônica que, em muitos casos, termina em transplante.
Em 80% dos afetados a infecção se tornará crônica, 20% desenvolverá cirrose e, deles, 25% pode terminar sofrendo de câncer de fígado, disse o médico Pei-Jer Chen, do Centro de Pesquisa de Hepatite do Hospital NTU (Taiwan National University) em Taipé.
Esteban lembrou que a hepatite é uma doença que costuma se desenvolver sem sintomas, por isso que habitualmente é descoberta quando está muito avançada.
O contágio se produz por via parenteral – através do sangue – ou seja, mediante agulhas, práticas cirúrgicas, transfusões ou transplantes que não contam com as medidas higiênicas corretas, e também ao se submeter a tatuagens ou "piercings".
As possibilidades de transmitir o vírus também existem, embora sejam menores, nas relações sexuais e na troca de artigos de asseio pessoal como aparelhos de barbear ou escovas de dentes.
A Fundação Bristol-Myers Squibb EUA antecipou o envio de novas ajudas para melhorar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das hepatites B e C na China e Índia. Estas contribuições fazem parte do programa "Delivering Hope" voltado a reduzir as desigualdades no atendimento a estas infecções na Ásia.
Estima-se que na China e na Índia haja 123 milhões de pessoas com hepatite B crônica e 59 milhões com hepatite C, o que representa quase a metade de casos no mundo todo.
A iniciativa está há mais de dez anos colaborando e fazendo doações a 38 programas distribuídos por diferentes regiões da Ásia – 16 na China, três em Taiwan, 15 na Índia e quatro no Japão -, que juntas somam um investimento total de mais de US$ 9,7 milhões. As ajudas são destinadas a entidades locais tais como autoridades de saúde nacionais e regionais, além de ONGs.