BRASÍLIA – Depois do anúncio do PSDB de romper com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado minimizou a mudança de posicionamento do partido, que até então, o apoiava na Casa. Nessa terça-feira, aliados do peemedebista afirmaram que ele chegou a se irritar com a manifestação do PSDB, mas Cunha negou que tenha se alterado.
— Eu tô irritado? Sou uma pessoa de bem com a vida, não sou de me irritar tão fácil. Cada um tem o direito de fazer o que quiser. É uma democracia. Acho que isso é da política — declarou Cunha.
O deputado disse ainda que antes mesmo do rompimento com o PSDB já não contava com o apoio dos tucanos para conseguir arquivar o processo que tramita contra ele no Conselho de Ética.
— Se o PSDB gostou ou deixou de gostar (da defesa), é um problema do PSDB. Pelo o posicionamento dos seus membros no Conselho de Ética, ele já não tinha gostado antes de eu falar, não vejo uma mudança, para mim está a mesma coisa. Representa dois votos que já não tinha. Já tinha declarado abertamente.
Cunha ponderou que foi eleito presidente da Casa sem o apoio do governo ou do PSDB. Ele ironizou o fato de que o candidato apoiado pelos tucanos à época da eleição foi o deputado Julio Delgado (PSB-MG), que hoje é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta dos indícios de que foi beneficiado no esquema de corrupção na Petrobras.
Mesmo agora sem o apoio do PSDB, Cunha também disse que não tem prazo para decidir sobre o seguimento de pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff que precisam ser analisados por ele.O parlamentar afirmou que só deve dar um parecer sobre as ações no final de novembro.
— Não altera uma vírgula na minha rotina essa posição do PSDB. Não tenho prazo predeterminado para fazê-lo, e jamais farei sob pressão. Minha decisão será dada de forma técnica. Não tem motivação políticas — assegurou o deputado.
Cunha também negou qualquer influência sobre a representação do Solidariedade contra o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), aberto por um de seus aliados, o deputado Paulinho da Força (SDD-SP). Chico Alencar que foi um dos parlamentares que liderou o recolhimento de assinaturas para protocolar a ação contra Cunha no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar, pois ele teria mentido na CPI da Petrobras a respeito da propriedade de contas no exterior.
— Eu desconhecia a motivação do deputado Paulinho. Agora, querer se escorar em desculpas para não responder, e ao mesmo tempo ser acusador, e ter como desculpa aquilo que deputado Paulinho está perguntando, é uma maneira de fugir. Ele tem que responder.