Cuiabá tem igreja voltada para público gay, a ICM que está presente em vários países

Data:

Compartilhar:

GD
Foto – Walter Machado/Câmara Cbá

Ao contrário do que muita gente pensa ou faz questão de não querer aceitar, a homossexualidade e a religião não são temas tão opostos e podem sim dividir o mesmo espaço. E, em Cuiabá, isso já é possível há pelo menos um ano. Trata-se Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) presente em mais de 40 países, um local onde pessoas assumidamente gays, lésbicas, bissexuais, transsexuais podem se reunir para expressar sua fé, sem precisar se “esconder no armário” quanto sua vida pessoal, opção, ou práticas sexuais. A igreja ainda não tem uma sede própria na Capital mato-grossense, mas os encontros ocorrem todos os domingos conduzidos pelo pastor César Loyola. Pelo menos 20 pessoas já participam da igreja e sempre comparecem aos encontros realizados no Cefapro.

Nessa entrevista, o pastor explica como é difundir o evangelho no meio LGBT. “É complicado por causa do discurso fundamentalista que diz que todos os gays vão pro inferno. Mas na verdade não é bem assim que funciona porque se nós olharmos a bíblia, não no literal, mas de uma forma usando o método histórico crítico, a gente vai perceber que na verdade, na bíblia não tem nada que diz respeito aos homoafetivos, à comunidade LGBT. E ai é complicado porque já tem todo esse discurso difundido e acontece que a comunidade mesmo tem um preconceito com os cristãos. O nosso trabalho é exatamente desconstruir esse discurso fundamentalista, preconceituoso, machista e trazer o amor incondicional de Jesus. É isso que nós pregamos”, explica Loyola.

Para essa desconstrução desse discurso religioso fundamentalista, Loyola conta que estudam a bíblia utilizando o método histórico crítico. “Ou seja, entendendo o contexto histórico, pra quem que foi escrita a bíblia. Primeiro, a bíblia não foi escrita para nós especificamente, ela foi escrita para uma época, para uma comunidade, por exemplo, Paulo escreveu a carta ao Gálatas e não para a comunidade ou para a cidade de Cuiabá. Então a gente precisa entender isso e a partir daí, entendendo o contexto histórico, o contexto político e econômico do texto, a gente vai trazer para nossa realidade para aquilo que a gente vivencia no dia-a-dia”, revela o pastor.

As Igrejas da Comunidade Metropolitana (ICM) são uma comunhão de fiéis que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais (LGBT). Loyla explica que A ICM foi fundada em 1968, nos Estados Unidos (EUA), pelo Reverendo Troy Perry, e conta hoje com mais de 300 templos espalhados em mais de 40 países. “Ela tem se espalhado por todo o mundo com essa mensagem de radicar uma inclusão. Aqui em Cuiabá, nós somos um grupo e fazemos as reuniões todos os domingos ás 19h”, diz ao explicar que a grande maioria dos frequentadores são gays. “Mas a gente ainda está começando nossa caminhada, vai fazer 1 ano que estamos tendo nossas reuniões e estamos divulgando a igreja”, informa. No Brasil, a Igreja da Comunidade Metropolitana se estabeleceu há 10 anos, em várias cidades.

Walter Machado/Câmara Cbá
Pastor César Loyola recebe troféu de Direitos Humanos LGBT 2013 das mãos do vereador Arilson da Silva durante audiência na Câmara no dia 18

César Loyola cursa Teologia pelo Instituto Garner, ligado à ICM. O curso é realizado na modalidade à distância, dividido em módulos. Ele recebe todo o material via internet. Também é universitário na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no campus de Cuiabá, onde cursa Letras. Explica que os encontros da igreja ocorrem aos domingos no Centro de Formação Profissional (Cefapro), localizado nas imediações da Unic Barão. O espaço é cedido pela direção do Cefapro.

Reconhecimento

César Loyola foi uma das pessoas que receberam, no dia 18 de novembro, o troféu Direitos Humanos LGBT 2013. É um reconhecimento para instituições e pessoas que militam na causa dos direitos LGBT em Mato Grosso. Loyola recebeu o troféu pelo acolhimento e trabalhos em prol do público homossexual em Cuiabá.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Notícias relacionadas