O governador de São Paulo, João Doria, disse nesta
quarta-feira (23), em entrevista coletiva, que a CoronaVac, vacina que está
sendo desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o
Instituto Butantan, vem demonstrando segurança na fase de testes em
humanos. Isso significa que a vacina não provoca efeitos colaterais
graves.
A CoronaVac está na fase 3 de testes em humanos, que vai
avaliar agora a a eficácia, ou seja, se ela produz anticorpos em quantidade
suficiente contra o vírus.
Estudo feito na China com 50.027 voluntários chineses, entre
eles, funcionários da própria Sinovac, demonstrou que 5,36% das pessoas
vacinadas apresentaram efeitos colaterais, todos sem gravidade: dor no local da
aplicação (caso constatado em 3,08% dos voluntários), fadiga (1,53%) e febre
leve (0,21%). Efeitos um pouco mais graves foram observados em 0,03% dos
voluntários, tais como perda de apetite, dor de cabeça, fadiga e febre.
“Estudos clínicos comprovam a segurança da CoronaVac. Cerca
de 94,7% dos mais de 50 mil voluntários testados na China não apresentaram nenhum
sintoma adverso em relação à CoronaVac. Os resultados na China mostraram baixo
índice, de apenas 5,3%, de efeitos adversos e de baixa gravidade. A maioria
destes casos apresentou apenas dor no local da aplicação da vacina. Efeitos
adversos de baixa gravidade são comuns em vacinas”, falou Doria.
Entre os que foram vacinados com a CoronaVac está o
representante da Sinovac, Xing Han, que está atualmente em São Paulo. Em
entrevista hoje (23) ao lado do governador João Doria, Han disse ter tomado as
duas doses da vacina, sem ter sentido qualquer efeito colateral. “Os testes da
fase 3 (em humanos) estão indo muito bem. Estamos confiantes na CoronaVac tanto
em sua segurança quanto em sua eficiência. Ela será bem testada e, daqui a um
ou dois meses, já deve sair o resultado da fase 3”, disse Han.
“A segurança e eficácia são dois dos principais fatores para
comprovar se uma vacina está pronta para uso emergencial na população. Estamos
muito otimistas com os resultados que a CoronaVac apresentou até o momento. Isso
mostra que o Butantan e a Sinovac estão no caminho certo para a produção de um
imunizante contra o coronavírus”, disse Dimas Covas, diretor do Instituto
Butantan.
A vacina CoronaVac está sendo testada no Brasil desde
julho, na fase 3, que estuda a eficácia do imunizante. A vacina está sendo
aplicada em duas doses. Segundo Doria, mais de 5,6 mil voluntários de seis
estados brasileiros, de um total de nove mil, já receberam a primeira dose da
vacina; alguns deles já receberam até mesmo a segunda dose. Todos esses
voluntários são profissionais de saúde. Nenhum deles, segundo o governo
paulista, apresentou reações graves à vacina.
Esse número de voluntários no Brasil vai crescer, segundo
Dimas Covas. Após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), o Instituto Butantan se prepara para ampliar a quantidade de
voluntários da vacina no país, que passará a ser de 13 mil pessoas.
Caso os testes comprovem a eficácia da vacina, ela precisará
de uma aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de
ser disponibilizada para vacinação no Brasil.
Eficácia
Os resultados sobre a eficácia da vacina, no Brasil, devem
começar a aparecer a partir da segunda quinzena de outubro, segundo Dimas
Covas. Se esse cronograma se mantiver, a vacina se mostrar eficaz e houver a
aprovação da Anvisa, a expectativa é de que a vacina esteja liberada para
vacinação a partir de dezembro.
Na China já foram iniciados testes da vacina em crianças e
idosos. Entre as pessoas com mais de 60 anos, a vacina foi aplicada em 422
voluntários e os resultados apontaram 97% de eficácia. Os estudos em crianças
têm 552 voluntários de 3 a 17 anos.
A partir de hoje, a vacina passará a ser testada, em sua
fase 3, também em voluntários da Turquia.
Doses
Em outubro, o governo de São Paulo vai receber 5 milhões de
doses da vacina já fabricadas pela Sinovac. Até dezembro, o estado receberá 46
milhões de doses, sendo seis milhões delas prontas para aplicação e 40 milhões
que necessitarão ser formuladas e envasadas pelo Instituto Butantan. Por
contrato, outras 55 milhões de doses devem ser disponibilizadas pela
farmacêutica chinesa ao governo paulista até maio de 2021, sendo que 15 milhões
delas serão entregues até fevereiro.
O acordo da Sinovac com o Instituto Butantan prevê a
transferência de tecnologia, ou seja, o instituto vai passar também a produzir
doses dessa vacina no Brasil. Para isso, o Butantan vai dar início, em outubro,
a obras para ampliação de sua fábrica, que terá capacidade de produzir 100
milhões de doses por ano da CoronaVac.
O governo paulista espera que o Ministério da Saúde adquira
outras doses dessa vacina para distribuição no restante do país. Para isso, o
governo de São Paulo requisitou R$ 1,9 bilhão ao Ministério da Saúde para a
compra de doses e também ajuda para a ampliação da fábrica do Butantan, o que
aumentaria a quantidade de doses da vacina produzida pelo instituto. Hoje (23),
em reunião no Ministério da Saúde, o secretário da Saúde de São Paulo, Jean
Gorichteyn, conseguiu obter uma liberação inicial no valor de R$ 80 milhões, o
que, segundo Doria, será utilizado integralmente na ampliação da fábrica do
Butantan.
Agência Brasil