O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmou nesta sexta-feira (13), em depoimento na Justiça Federal, em Curitiba, que recebeu propina do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, pela compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
Segundo Costa, os pagamentos ocorreram no contrato de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e em contratos da Andrade Gutierrez, que, segundo ele, também participava do cartel de empreiteiras.
De acordo com ele, grande parte dos pagamentos foi feita em contas no exterior e valores menores foram pagos no Brasil. Costa afirmou que Soares foi apresentado a ele pelo ex-diretor da Área Internacional da estatal Nestor Cerveró.
Costa também confirmou que recebeu propina do ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo, pelos contratos da Petrobras com a empresa.
Segundo ele, Camargo tinha um “bom relacionamento e conhecia bastante” o doleiro Alberto Youssef. Sobre Cerveró, o ex-diretor disse que não sabe se ele recebeu propina do doleiro.
O advogado Nélio Machado, que representa Fernando Soares, participou da audiência e negou que o empresário tenha feito os pagamentos indevidos.
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria da Andrade Gutierrez e aguarda retorno.
Costa foi ouvido na ação penal em que Nestor Cerveró e o empresário Fernando Soares são réus. Ele teria direito de ficar em silêncio, mas foi obrigado a responder as perguntas por ter assinado acordo de delação premiada.
Quem mais recebeu?
O juiz Sérgio Moro, que conduz todas ações da Lava Jato, perguntou a Costa se Fernando Baiano lhe disse se outros diretores também receberam propina por Pasadena. “Ele (Baiano) não falou, mas, se eu recebi, outros receberam. Por que só eu receberia?”. O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, por meio de sua defesa, tem reiterado que jamais recebeu propinas.
Costa afirmou também que não era o único dirigente da estatal que recebeu “vantagens indevidas” do cartel empreiteiras. Costa afirmou que 2% sobre o valor dos contratos de sua área eram desviados para a o PT, via Diretoria de Serviços da estatal. O partido, segundo ele, captava 3% de outras diretorias.
O juiz Moro também perguntou: “Essa aquisição foi pela sua diretoria?” Costa respondeu: “Não, a minha diretoria se restringia a atividades no Brasil. Como a refinaria fica no exterior, (a compra) foi conduzida pela Diretoria Internacional. O Nestor Cerveró era o diretor na ocasião.”
O juiz perguntou ao delator porque ele recebeu o dinheiro de propina. “Fui procurado no final de 2005 pelo Fernando Soares (Fernando Baiano), ele me falou que era importante que essa refinaria fosse adquirida. Se foi um bom negócio naquele momento ou não, na minha visão como técnico, independente de qualquer desvio de dinheiro, no momento foi um bom negócio para a Petrobras. Ele falou: ‘Paulo, é bom que seja aprovado, se você não criar nenhum problema aí no colegiado você recebe 1,5 milhão'”. De dólares ou reais?, questionou o juiz. “De dólares”, respondeu Costa.