A torcida tricolor não comemora um título desde o Campeonato Brasileiro de 2008. Na noite desta quarta-feira, há uma grande chance de findar o incomum jejum. No Morumbi completamente tomado, com quase 70 mil pessoas, o São Paulo decide a Copa Sul-americana contra o Tigre-ARG podendo, ao fim do mata-mata, misturar o grito de adeus a Lucas com o canto de campeão.
Para levantar o troféu na última partida de Lucas com a camisa 7 tricolor, marcada para 21h50 (de Brasília), a equipe brasileira depende de vitória simples, após ter empatado por 0 a 0 em La Bombonera, onde Luis Fabiano foi expulso ainda no primeiro tempo. Um novo empate como mandante leva o duelo à prorrogação. Em caso de igualdade também no tempo extra, a decisão vai para os pênaltis, condição que motivou os são-paulinos a treinarem esse fundamento.
"Na hora em que assinei o contrato, passou tudo pela minha cabeça. Todas as dificuldades que passei desde que saí de casa, aos 13 anos, para morar com pessoas que nunca tinha visto na vida, longe da família, longe de tudo. Mas fiquei tranquilo porque sabia que tinha mais seis meses para ajudar o São Paulo a ser campeão", comentou o jogador, coçando a cabeça e se policiando para não chorar.
"A responsabilidade é toda nossa. Temos que ir a campo para fazer (confirmar) isso. Temos todas as armas para vencer o jogo", reconhece o técnico Ney Franco. "Por outro lado, a gente tem vários exemplos de equipes que tecnicamente eram colocadas como inferiores e ganharam títulos. Já passei por isso ao vencer o Campeonato Mineiro de 2006 pelo Ipatinga, contra o Cruzeiro, no Mineirão com 70 mil torcedores rivais. O que vale é o jogo, o presente".
Sem contar com Luis Fabiano, que prejudicou a produção da equipe ao receber cartão vermelho aos 13 minutos do jogo de ida, o treinador resolveu apostar em Willian José. Assim como Lucas, o jovem atacante se despede do clube nesta temporada. A diferença é que, em seu caso, a diretoria não teve interesse em renovar seu contrato, e ele foi liberado para negociar com outra equipe. Mais do que isso, foi vaiado várias vezes nesta temporada, no próprio Morumbi.
Pelo Tigre, que abusou de catimba em Buenos Aires e também de entradas mais violentas, também haverá uma única ausência: o zagueiro Donatti foi expulso ao acertar um soco no braço de Luis Fabiano, o qual, por sua vez, deixou o campo mais cedo ao tentar o revide. O restante da equipe é o mesmo que fez um primeiro tempo totalmente defensivo, mas que assustou a defesa brasileira com bolas alçadas à área na etapa complementar.
"Esperamos chegar forte novamente na grande final, porque é o nosso estilo de jogo. Luis Fabiano dentro de campo é um grande personagem, e é bom para nós que ele não jogue. Quanto a nós perdemos na bola parada, que é um dos principais recursos do time, sem mim, que sempre vou ao ataque", analisou Donatti, que, tal qual Luis Fabiano, está fora de um eventual pôster de título, mas mesmo assim irá com sua delegação para o Morumbi.
"Decidi acompanhar meus companheiros ao Brasil porque acredito que eles sempre estiveram ao meu lado, me ajudaram em tudo. Esta partida será importante, e eu quis retribuir", completou o defensor e capitão do Tigre, já na capital paulista.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO X TIGRE-ARG
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 12 de dezembro de 2012, quarta-feira
Horário: 21h50 (de Brasília)
Árbitro: Enrique Osses (CHI)
Assistentes: Francisco Mondría (CHI) e Carlos Astroza (CHI)
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Paulo Miranda, Rafael Toloi, Rhodolfo e Cortez; Wellington, Denilson e Jadson; Lucas, Osvaldo e Willian José
Técnico: Ney Franco
TIGRE: Albil; Paparatto, Echeverría, Godoy e Orban; Galmarini, Díaz, Ferreira e Leone; Botta e Maggiolo
Técnico: Néstor Gorosito