BRASÍLIA – Com a forte elevação de despesas para o enfrentamento da pandemia de covid-19 no ano passado, o rombo nas contas do governo central chegou a R$ 743,787 bilhões em 2020, o maior déficit primário da série histórica do Tesouro Nacional, iniciada em 1997.
O resultado – que reúne as contas do Tesouro, Previdência Social e Banco Central – representa um déficit equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019. Naquele ano, o déficit primário havia ficado em R$ 95,065 bilhões, ou 1,3% do PIB.
Na comparação com 2019, houve uma queda de 13,1% nas receitas e um avanço de 31,1% nas despesas em termos reais, já descontada a inflação no período.
O rombo de 2020 foi um pouco menor que as expectativas do mercado financeiro, cuja mediana apontava um déficit de R$ 750 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast com 22 instituições financeiras.
A meta fiscal original para o ano passado admitia um déficit (ou seja, que as despesas superassem a arrecadação com impostos e tributos) de até R$ 124 bilhões nas contas do governo central, mas a aprovação pelo Congresso do decreto de calamidade pública para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus autorizou o governo a descumprir essa meta em 2020.
Somente as despesas emergenciais para o combate à pandemia somaram R$ 539,6 bilhões no ano passado, em termos reais (descontada a inflação).
Resultado de dezembro
Em dezembro, as contas do governo central registraram déficit de R$ 44,113 bilhões, o pior desempenho para o mês desde 2016, quando o saldo foi negativo em R$ 72,710 bilhões.
As receitas tiveram queda real de 33,9% em relação a igual mês do ano passado. As despesas caíram 18,7% na mesma comparação, já descontada a inflação, devido à antecipação do pagamento do 13º dos aposentados e pensionistas – uma das medidas de resposta à crise da pandemia de covid-19.
Ainda assim, o volume de despesas voltadas para o enfrentamento da pandemia em dezembro chegou a R$ 33,5 bilhões.