O Conselho Regional de Medicina (CRM) se mostrou contrário à instalação de "caixas pretas" em consultórios e salas de cirurgia. A posição foi anunciada pelo presidente da entidade, Arlan de Azevedo Ferreira, em resposta à manifestação de famílias de vítimas de erro médico, ocorrida no dia 7 de agosto, em Cuiabá.
Para as famílias, é necessário que medidas como a das caixas pretas sejam tomadas para evitar que mais erros aconteçam. Já para o CRM, a generalização não pode ser tomada, a partir da exceção de uma regra. Ou seja, o número de casos de erros médicos no Estado seria "ínfimo", em comparação ao número de casos bem-sucedidos.
De acordo com Arlan Ferreira, objetos como caixas pretas em consultórios e salas de cirurgia invadiriam a privacidade do paciente e aumentariam a artificialização da profissão de médico, já que o órgão quer o fortalecimento da relação entre ambos.
"Há outros resoluções, como a obrigatoriedade de uma terceira pessoa na sala, para acompanhamento do paciente em cirurgias, que são mais urgentes e irão beneficiar todas as partes, em vez de pegar uma exceção e transformá-la em regra", observou.
O presidente do CRM disse entender o sofrimento das famílias que perderam parentes, porém afirmou que o oportunismo também tem acontecido.
"Eu compartilho da dor dessas famílias e já disse isso a elas. Mas, sabemos que há advogados de defesa que se aproveitam de erros médicos para angariar dinheiro. Não podemos nos basear em oportunismos", afirmou.
Arlan Ferreira ainda lembrou do caso do ortopedista Célio Eiji Tobisawa, 43, preso no dia 27 de julho, sob a acusação de abusar sexualmente de cinco pacientes homens (ele praticava sexo oral), na cidade de Colíder (650 km a Extremo-Norte de Cuiabá), conforme MidiaNews revelou.
Para o presidente do CRM, o caso de Tobisawa foi emblemático para que a resolução local complementar de exigência de uma terceira pessoa em salas de cirurgia seja logo julgada e aprovada.
Processos
Além da resposta à manifestação de parentes de vítimas que sofreram erro médico, o Conselho Regional de Medicina divulgou os Processos Éticos Profissionais (PEP) e as Sindicâncias já realizados este ano.
Entre janeiro e julho de 2010, foram 14 processos instaurados, sendo 23 julgados, o que correspondeu ao julgamento de 24 médicos, tendo um total de 10 condenações. Em 2009, foram 16 condenações.
Destas 10 condenações, 8 foram Alínea-A e 1 Alínea-B, ou seja, notificações de caráter confidencial aos médicos. Os outros dois profissionais julgados foram em Alínea-D, que pede a suspensão dos médicos por um período de 30 dias.