O início da sessão plenária no Senado Federal nesta terça-feira (5) foi marcado por um bate-boca entre senadores contra e a favor da instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Isso porque nove senadores decidiriam retirar as assinaturas de apoio ao requerimento de criação da CPI, que foi protocolado na semana passada com o apoio de 33 senadores.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), iria ler a CPI nesta terça-feira em plenário, o que daria o sinal positivo para a criação da comissão.
Com a retirada das assinaturas, o presidente do Senado informou que requerimento ficou prejudicado. Com apenas 24 apoios, o documento não alcança o mínimo exigido para instalação da CPI, de 27 assinaturas.
— O requerimento deixa de ser lido por não ter o número mínimo de assinaturas exigidas constitucionalmente e regimentalmente.
O autor do requerimento e líder da minoria no Senado, Mário Couto (PSDB-PA), solicitou à presidência da Casa o nome dos nove senadores que retiraram as assinaturas e prometeu divulgar a informação durante uma semana, na tribuna do plenário.
Couto afirmou que não vai desistir da CPI da CBF e vai levar as denúncias ao Ministério Público e à Procuradoria-Geral da República.
— Eu quero saber [o nome de quem retirou as assinaturas] para que a nação brasileira saiba quais os senadores que não querem fiscalizar o governo, que se negam a fiscalizar uma confederação brasileira de futebol corrupta. […] O Senado não quer investigar? Dane-se o Senado! Os senadores não querem? Dane-se os senadores!
Acusações
Mário Couto também acusou o senador Zezé Perrella (PDT-MG) de ligar para os colegas, pedindo que retirassem o apoio à CPI da CBF. Exaltado, Couto disse que não tinha mais respeito pelo colega.
— Eu lhe respeitava, senador, eu lhe considerava. Mas depois do seu ato não posso lhe respeitar nem lhe considerar. O senhor não quis a CPI porque o senhor foi presidente de um clube de futebol e precisa da Confederação Brasileira de Futebol.
Perrella foi diretor do Cruzeiro, clube mineiro de futebol, e admitiu que atuou para enterrar a CPI da CBF. Segundo ele, este não é momento para uma investigação no Senado.
— Nesse momento não seria bom para o futebol brasileiro. […] Quando um senador não quer CPI não podemos dizer que ele não é sério. Nós estamos aqui para legislar, essa é a nossa função maior.
Perrella também admitiu que ligou para o presidente da CBF, José Maria Marin, se propondo a dissuadir os senadores de criar a CPI.
Investigação
A CPI iria investigar desde denúncias de contratos irregulares entre a CBF e redes de televisão até à renúncia fiscal de R$ 1,1 bilhão que a confederação teria deixado de pagar em impostos.
O objetivo da CPI era investigar também as denúncias, apresentadas nos últimos 13 anos, de abuso de poder econômico durante eleições de dirigentes tanto da CBF como das federações regionais de futebol.
De acordo com o autor do requerimento, ele recebeu vários documentos e gravações de conversas que indicam pagamento de propina e até sonegação de impostos da CBF.
Confira os nomes dos senadores que retiraram suas assinaturas:
Ivo Cassol (PP-RO)
Lobão Filho (PMDB-MA)
João Alberto (PMDB-MA)
Maria do Carmo Alves (DEM-SE)
Cícero Lucena (PSDB-PB)
Wilder Morais (DEM-GO)
Clésio Andrade (PMDB-MG)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Paulo Davim (PV-AC)