Por 3 votos a 2, a Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores (PT) emitiu parecer favorável à expulsão da ex-senadora Serys Slhessarenho. A penalidade se deve ao entendimento de que há fortes provas de infidelidade partidária cometida na campanha eleitoral de 2010.
Por outro lado, filiados também suspeitos de desobediência partidária como o vereador Lúdio Cabral e a secretária adjunta de Justiça do governo do Estado, Vera Araújo, a Verinha, deverão receber somente uma suspensão de 4 meses da filiação.
Mesmo não assumindo publicamente, nos bastidores, Serys foi cabo eleitoral do ex-procurador da República Pedro Taques (PDT), que veio a ser eleito com votação superior a 700 mil votos. Para garantir discrição, Serys escalou familiares para trabalhar na campanha de Taques.
Conforme trecho do relatório final do processo disciplinar, ao qual Midianews teve acesso, a decisão se amparou nas declarações públicas da petista em não apoiar a candidatura do ex-deputado federal Carlos Abicalil ao Senado.
Embora tenha incluído em seu material impresso de campanha pedidos de votos aos candidatos Blairo Maggi (Senado) e Silval Barbosa (governo do Estado), não havia citação de Abicalil.
Houve até mesmo a tentativa de evitar pedido de votos a Abicalil na propaganda eleitoral da TV, embora a legislação defenda que o espaço no
veículo de comunicação pertence ao partido e não ao candidato.
Agora, o pedido de expulsão de Serys será apreciado pela executiva estadual composta por 47 membros. No entanto, aliados da ex-senadora já se antecipam com a possibilidade de recorrer ao diretório nacional alegando graves falhas no andamento processual.
Histórico
Ao ser derrotada nas prévias do PT para escolha do candidato ao Senado, Serys acusou Abicalil de traição e não incluiu o nome do correligionário em seu material de campanha.
Após ser preterida para concorrer a reeleição, Serys anunciou que abandonaria a vida pública, porém, influenciada pelo diretório nacional do PT, concorreu a deputada federal. Mesmo sendo a sexta candidata mais votada, perdeu a vaga pelos critérios de proporcionalidade.
Esfacelamento
O pedido de expulsão de Serys Slhessarenko contribui ainda mais para grave crise interna do PT que tem se esfacelado em Mato Grosso. Na última eleição, o PT elegeu apenas Ságuas Moraes para deputado federal.
Mesmo assim, Ságuas ainda corre o risco de perder a vaga com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a lei da Ficha Limpa não tem validade para a eleição de 2010, o que abriu espaço para o tucano Nilson Leitão reivindicar a vaga na Justiça.
Na Assembleia Legislativa, somente o pecuarista Ademir Brunetto foi eleito. Diante disso, o partido se articula para garantir, pelo sistema de rodízio, uma cadeira para o suplente Alexandre Cesar.