Tanto na Olimpíada como na Copa do Mundo de 2014.
Ao assumir o cargo de presidente da CBF, ele já tinha isso em mente.
Não queria ver o jogador privilegiado, encostado na ponta esquerda.
Acompanhar o time correndo e ele esperando a bola.
Marin completou 80 anos há uma semana.
Mas não quer veteranos sem energia atuando com a camisa do Brasil.
Principalmente o meia do Flamengo, consagrado pelas baladas eternas.
As noites que não terminam.
Assim como Dunga, Marin acredita que Ronaldinho influenciaria o grupo de jovens jogadores na Olimpíada.
O sucessor de Ricardo Teixeira exige o grupo focado para ganhar a Olimpíada, sua primeira competição como presidente.
A postura radical do ex-governador de São Paulo acaba com o projeto de Assis.
O irmão, empresário e leiloeiro de Ronaldinho trouxe o irmão para o Brasil com um plano claro.
Ele queria ver o irmão aproveitando ao máximo o final de carreira.
Na sua imaginação, Gaúcho seria o último ídolo da seleção brasileira.
Seria o grande maestro do time na Olimpíada de Londres.
E, principalmente, da Copa de 2014.
Para isso não adiantaria ficar em times médios da Europa que o desejavam tirar do Milan.
O plano maquiavélico desprezou o Palmeiras que o procurou primeiro.
Virou as costas ao clube onde ele e o irmão nasceram para o futebol, o Grêmio.
Mesmo o Corinthians que surgiu de última hora não foi levado em consideração.
Se fosse para voltar ao Brasil que fosse o Flamengo, o clube mais popular do País.
Com a maior torcida.
E no Estado onde fica sediada a CBF.
Com a atual safra medíocre que domina o futebol brasileiro, seu irmão não teria dificuldade para se impor.
Suas convocações seriam mais do que garantidas.
Não há no País um grande ídolo rodado e respeitado internacionalmente.
A ponto de ser o grande nome nos amistosos da seleção brasileira ainda hoje.
Neymar e Ganso, por exemplo, estão nascendo para a Europa.
Ronaldinho Gaúcho já foi o melhor do mundo.
Assis convenceu Patricia Amorim que seu irmão mudaria a vida financeira da Gávea.
Patrocinadores brigariam de faca para colocar suas marcas na camisa rubro-negra.
As crianças colecionariam bonequinhos dentucinhos do irmão.
Ele mesmo faria inúmeras propagandas na tevê, rádio, internet.
A sua presença garantiria amistosos na Europa, Ásia, África, Oceania, na Lua…
A venda de camisa 10 do Flamengo seria uniforme escolar de milhões de carioquinhas.
Só que o projeto foi o mais retumbante fracasso.
A paixão de Ronaldinho Gaúcho pela noite acabou com tudo.
O jogador se perdeu no Rio.
Aos 32 anos, seu corpo não suportou tanta tentação.
Passou mais madrugadas acordado do que guardas noturnos.
E sua explosão muscular, velocidade e energia como jogador desapareceram.
Qualquer garoto de 20 anos medíocre o anula com facilidade.
Aos poucos se tornou um jogador parado na ponta esquerda.
Vivendo de lampejos cada vez mais raros.
O Flamengo foi enganado facilmente.
Pela fama e pelo Carioca de 2011.
Ele chegou empolgado e ainda bem fisicamente.
Ronaldinho estava no meio da temporada europeia.
Enfrentou times que voltavam das férias.
Jogou bem com a vantagem e com o esperto esquema de Luxemburgo.
O Flamengo foi campeão invicto.
Patricia Amorim tinha certeza que havia ganhado na Mega-Sena sozinha.
Trouxe o grande ídolo mundial que atrairia dinheiro e a sua reeleição.
Ela dançou o bonde do Mengão sem Freio.
Só que sem freio eram as noitadas de Ronaldinho.
Logo vieram os fracassos em seguida do time.
Luxemburgo via o projeto Ronaldinho ruir.
Acompanhava pela imprensa as madrugadas insones do jogador.
E a caída técnica quando seu preparo foi igualado com os outros atletas que iniciavam a temporada.
Os prováveis patrocinadores caíram fora quando ouviram que Patricia desejava R$ 45 milhões pela camisa flamenguista.
Ela insistia que valia por Ronaldinho Gaúcho.
As baladas, as derrotas seguidas e as notícias sobre a falta de rumo da diretoria convenciam os investidores a fugir.
Mesmo assim, os preços não baixavam.
Estourou a crise internacional na Europa e nos Estados Unidos.
Aí, sim, tudo ficou impossível.
O pior é que Ronaldinho não quis nem saber.
Continuou se comportando como se fosse o prefeito de Sodoma e Gomorra.
Milionário, com a boa vida garantida até dos seus tetranetos, ele não se importava.
Mano Menezes ousou fazer do jogador a referência da sua seleção sem rumo.
Foi um fiasco.
E se seu cargo depende da Olimpíada de Londres é, em boa parte, à louca insensata aposta em Ronaldinho.
Tudo o que está ruim, pode piorar.
Foi quando o Flamengo começou a não mais pagar Ronaldinho.
A Traffic se mostrou incompetente para disfarçar a realidade aos investidores.
Não trouxe ninguém e ainda brigou quando a 9ine de Ronaldo levou a Procter & Gamble.
Foram só quatro meses de contrato por R$ 7 milhões.
Os quatro meses bastaram para a empresa desistir do Flamengo.
A decepção com o time foi imensa, principalmente com Ronaldinho, que com salários atrasados, não se envolveu no projeto.
Quando Luxemburgo decidiu enfrentar o jogador, deixando vazar que até mulher ele levava para a concentração, foi demitido.
Patricia decidiu trazer um treinador que não se importasse com as farras do meia.
Joel Santana ocupa o cargo por não perturbar o jogador.
Patricia Amorim demorou, mas percebeu que o projeto Ronaldinho fracassou também na Gávea.
E como ainda sonha com a reeleição, tenta dar uma reviravolta.
Buscou velhos ídolos identificados com a Gávea.
Apostou em Adriano e já contratou Ibson.
Ídolos nascidos na Gávea.
Zinho chegou com a ordem de valorizar a base do clube.
E acabar com o espaço para as farras de Ronaldinho.
Agora Patricia busca uma fórmula para se livrar do jogador.
O clube gasta R$ 1,250 milhão a cada 30 dias ao boêmio.
Ele tem contrato até 2015.
Sua multa contratual é incrível: R$ 400 milhões.
Estudos apontam que ele não valeria hoje nem R$ 6 milhões.
Por tudo isso, o incansável Assis busca uma saída para o irmão.
Quer receber os mais de R$ 5 milhões que o Flamengo deve.
E repensar o final de carreira do jogador.
Não adianta ficar no Brasil.
O projeto foi um fracasso.
Olimpíada e Copa do Mundo nem pensar.
Sem seleção, nada de patrocínios extras.
Chegou a hora de olhar o mercado norte-americano e o asiático.
O irmão que vá aproveitando suas últimas noitadas regadas a funk.
Chegou a hora de mudar o local de suas farras.
Já foram obrigadas a acabar em Barcelona, em Milão…
Está chegando a quarta-feira de Cinzas no Rio para Ronaldinho Gaúcho..