Com dólar em alta, uso de fertilizantes recua nas lavouras brasileiras

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Distribuidoras de insumos de diferentes regiões do Brasil vêm observando atraso e queda no uso de fertilizantes nas lavouras, em função, em boa medida, do aumento dos custos em reais após a escalada da dólar nos últimos meses. Em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o vice-presidente da Agro Amazônia (distribuidora adquirida em abril pela japonesa Sumitomo, com forte presença no Centro-Oeste do País), Roberto Motta, afirmou que produtores da região vêm utilizando, em média, de 400 a 450 quilos de fertilizante por hectare neste ano. Nas últimas sete temporadas, a média foi de 500 quilos por hectare, segundo o executivo. “Os fertilizantes (as vendas) foram os insumos mais afetados pela alta do dólar. Como ao longo das safras o solo vai fazendo uma ‘poupança’ de adubo, o produtor reduz a dose porque sabe que a produtividade não vai cair se fizer isso só em um ano”, afirmou Motta.

Fertilizantes têm grande peso nos gastos dos produtores com insumos, respondendo por aproximadamente metade deste montante, segundo o executivo. Ele diz que, não bastasse este fator, o custo dos adubos em reais aumentou entre 25% e 30%, acompanhando a valorização do dólar sobre o real nos últimos meses. Em função desse cenário, a estimativa do executivo da Agro Amazônia é de que o volume de vendas destes produtos caia de 5% a 7% na temporada 2015/16.

Outra mudança percebida na hora de negociar insumos no Centro-Oeste foi a preferência dada pelos produtores ao pagamento em reais. Como eles comercializam os grãos no mercado internacional em dólar, o câmbio vêm rendendo boa remuneração em real. “Nos últimos 20 anos, sempre negociamos em dólar. Mas em 2015, os produtores estão fixando a soja em reais e querem comprar insumos também em reais, mesmo pagando um pouco mais”, explicou Motta. O barter (negociação em que o produtor adquire defensivos, sementes e fertilizantes e trava o pagamento em sacas de soja) também vem sendo bastante utilizado na região e já responde por 30% das vendas de insumos, de acordo com o executivo.

A Agro Amazônia tem 25 filiais no Centro-Oeste, das quais 23 estão em Mato Grosso, uma em Goiás e uma no Pará. Apesar da queda esperada na comercialização de fertilizantes, a expectativa é manter as vendas de defensivos e sementes no mesmo patamar verificado no ciclo 2014/15. Com isso, o faturamento da Agro Amazônia deve crescer cerca de 10% em 2015, nos cálculos do executivo (a empresa não divulga valores absolutos). “O mercado deu uma boa melhorada a partir de julho e as vendas estão ocorrendo dentro da normalidade”, afirmou.

No Paraná, também é prevista queda na aplicação de fertilizantes no ciclo 2015/16. Na região de Maringá, onde as lavouras têm alta produtividade, produtores contarão com a fertilidade do solo para reduzir o uso de adubos, disse o presidente da distribuidora Ferrari & Zagatto, Ferreirinha da Costa. Ele acredita que as vendas destes produtos devem cair de 5% a 10%. “Mas em função da alta do dólar pode haver investimentos de última hora”, complementou. Ferreirinha não divulgou o faturamento da companhia, mas disse esperar aumento na receita em 2015. Contudo, o custo Brasil, que inclui altas nos preços da energia, mão-de-obra, combustível, entre outros fatores, pode comprometer a rentabilidade da empresa. “Se eu fechar com o mesmo lucro do ano passado, será excelente, afirmou o presidente da Ferrari & Zagatto.

Em Minas Gerais, a distribuidora Terrena também verifica atrasos na entrega de insumos. Até o momento, as vendas de produtos estão 30% abaixo do registrado na mesma época no ano passado, segundo o diretor da empresa, Marco Nasser. Um fator que agrava a situação é o fato de a região de Patos de Minas, onde a Terrena tem seis filiais, ser tradicionalmente a última do País a fazer o plantio da safra. Além disso, se por um lado a alta do dólar melhora a remuneração em reais dos exportadores de grãos, por outro está levando os produtores a aguardarem uma desvalorização do dólar ante o real e uma consequente queda nos preços dos insumos, inclusive fertilizantes, em reais. “O produtor que não comprou até agora está esperando o dólar cair para tomar sua decisão”, explicou Nasser.

Segundo o executivo, as vendas de insumos na região são feitas predominantemente em reais, o que obrigou a empresa a elevar os valores dos fertilizantes em aproximadamente 15%. O barter, ainda que venha ganhando espaço nos últimos anos, não responde por mais de 10% das vendas de insumos. Mesmo com o atraso nas entregas, no acumulado do ano a Terrena deve contabilizar o mesmo volume de vendas de adubos, na estimativa de Nasser. Já a receita deve crescer, puxada pelas altas dos preços em reais. Com informações do Estadão Conteúdo.

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