Aos 70 anos, com sucessivos problemas de saúde, Murilo Domingos (PR) consegue retornar à cadeira de prefeito de Várzea Grande, mas pairam dúvidas sobre a capacidade administrativa do republicano. Reeleito em 2008, ele volta a despachar do Paço Couto Magalhães com o desgaste acumulado ao longo dos sete anos e quatro meses de gestão, marcada pela falta de ações em todas as esferas do Executivo Municipal, desde acúmulo de lixo, ruas esburacadas à falta de saneamento básico. Tanto que foi apelidado pelos moradores de “Murilo Dormindo”.
Afastado da prefeitura num primeiro momento por decisão da Câmara Municipal e, depois, pelo juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Várzea Grande, José Luiz Lindote, a pedido do MPE por improbidade, Murilo conseguiu reverter a situação desfavorável com uma liminar concedida pelo juiz auxiliar do TJ, Antônio Horácio da Silva. O mérito ainda não foi apreciado, mas a decisão já provoca alvoroço.
O despacho de Antônio Horário foi proferido no mesmo dia em que o então prefeito em exercício Tião da Zaeli (PR) anunciou o novo secretariado. Também afastado pela Câmara, o vice-prefeito eleito conseguiu anular a decisão dos vereadores e assumir a cadeira na prefeitura, que vinha sendo ocupada pelo “prefeito tampão”, João Madureira (PSC), presidente da Câmara.
Com a nova alternância de poder provocada pelo retorno de Murilo, deverá haver a terceira mudança no secretariado em menos de dois meses, o que compromete ainda mais a já lenta administração. Fora isso, antes de ser afastado pela Câmara, Murilo já havia ingressado com seis pedidos sucessivos de licença para tratamento de saúde. Ele ainda se recupera de uma cirurgia na coluna. “O Murilo está cada vez melhor”, garante o advogado Paulo Taques, na tentativa de dissipar os boatos de que o gestor não tem condições físicas para tocar o segundo maior município do Estado.
A situação do prefeito é complicada pelos conflitos com Tião. Enquanto Murilo cumpria as licenças de saúde, o vice chegou a declarar que nem sequer visitava a prefeitura por não receber autonomia do titular para trabalhar com o secretariado e, diante disso, não ter condições de tocar obras e projetos que julgava importantes para contornar o caos no município. Agora, com o retorno de Murilo, a expectativa é que Tião desapareça de vez da sede da prefeitura, apesar de declarar publicamente ter interesse em disputar o cargo na eleição do próximo ano.