Silval Barbosa se viu forçado a fazer um amplo arco de alianças, agregando 10 partidos e diversas lideranças e caciques políticos, para se reeleger. Empurrado pelo peso da máquina, o trunfo deu certo, tanto que ganhou no primeiro turno. Hoje, 13 meses do novo mandato (antes concluiu mais 9 meses da gestão Blairo Maggi), o governador vive um dilema. Quer manter ampliada a base, mas de forma coesa, algo praticamente impossível devido aos interesses políticos e pessoais de cada líder, principalmente a partir de agora com os debates acerca das eleições municipais.
Das 10 agremiações do palanque de 2010 (PMDB, PR, PP, PT, PMN, PTC, PTN, PSC, PRB e PC do B), Silval atraiu mais dois, o DEM e o recém-criado PSD. Isso acabou por inchar a estrutura e dividir o governo em grupos. O Democratas tinha a pasta de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar mas, como seu representante, deputado licenciado e secretário José Domingos, foi para o PSD, ficou sem posto no primeiro escalão. O PSD conta com 3 cargos no staff, inclusive do vice-governador Chico Daltro e, mesmo assim, alguns de seus líderes defendem ruptura.
O PR é quem "come" mais pedaços do bolo da máquina. Dirige 7 secretarias e ainda 5 órgãos e empresas da estrutura do governo e, mesmo assim, quer mais espaço. O PMDB de Silval e de Carlos Bezerra conta com 3 pastas, enquanto o PP de Pedro Henry e o PSD de José Riva têm 2 cada. O PT comanda uma secretaria. Os partidos nanicos contam com cargos de segundo ao quarto escalões.
Apoio e mudanças
Silval pretende chamar os dirigentes que dão sustentação ao governo para pedir compreensão, trégua e reconhecimento da valorização que estão tendo para, em seguida, anunciar que fará mudanças na equipe e, assim, dar uma cara nova à administração, que começa a cair em desgaste, principalmente por causa de brigas por mais espaço entre os caciques políticos. Fará uma retrospectiva de como o arco de alianças foi construído para se chegar ao poder e do quanto será importante "todos se manterem unidos". Ele não quer perder aliados, mas não aceita pressão, embora tenha perfil light de administrar e faz de tudo para não brigar. Busca, por exemplo, entendimento com o presidente da Assembleia José Riva, de quem espera recuo quanto à decisão de entrega dos cargos.
Com a missão de executar orçamento de R$ 13 bilhões, distribuídos entre 24 secretarias e diversos órgãos, que, juntos, somam quase 100 mil servidores, o governador decidiu pisar no freio quanto aos gastos públicos. Determinou que as principais despesas precisam ter a sua assinatura para dar prosseguimento. Tomou essa decisão depois de receber denúncias de que alguns assessores estavam deixando o dinheiro sair pelo ralo. Várias pastas seguem com o orçamento contingenciado.