A eletroaerodinâmica usa um propulsor de altíssima tensão — no caso da nave dos pesquisadores, 40 mil volts. Esse propulsor é composto de dois eletrodos de tamanhos diferentes. Eles geram íons e, pela diferença de potencial elétrico, fazem com que estes íons se movam na direção do menor para o maior. Estes íons colidem com as moléculas do ar, gerando o chamado vento iônico, o que faz com que o avião se locomova sem precisar de nenhuma peça se movimentando.
GIF: MIT
A ideia não é exatamente nova. Ela data dos anos 60, mas, na época, os cientistas acreditavam que não era possível gerar a propulsão necessária para manter o voo. Steven Barrett, professor de aeronáutica e astronáutica do MIT, recuperou o tema em 2009 e viu potencial a ser explorado. Foram nove anos de trabalho e muitas falhas até chegar a um voo.
E também não foi um grande voo. A nave é pequena, pesa 2,4 quilogramas e não leva qualquer bagagem, e a viagem de 60 metros foi feita em um ginásio, sem interferências climáticas, durando apenas 12 segundos.
Ainda falta muito até vermos aviões desse tipo na ponte aérea Rio-São Paulo, mas uma substituição completa das tecnologias atuais não é a única opção: Barrett acredita que o sistema pode ser usado em conjunto com turbinas.
Os sistemas de propulsão eletroaerodinâmicos poderiam ser instalados na superfície do avião para “reenergizar o ar” e diminuir o arrasto aerodinâmico, aumentando a eficiência dos motores e economizando combustível. Além disso, haveria níveis de ruído menores, mais segurança e mais facilidade de manutenção.
Outro uso possível seria em pequenos drones para viagens curtas com cargas pequenas — pense em entregas em uma cidade, por exemplo.
Barrett está animado com as perspectivas. “Nós levamos alguns anos para desenvolver esta tecnologia. A propulsão convencional tem 100 anos de história, então precisamos trabalhar para alcançar. Acho que vamos conseguir”, disse ele à MIT Technology Review.