Cientistas descobriram um novo remédio promissor contra a malária que tem o potencial de tratar, com uma única dose, cepas mais resistentes da doença. O estudo foi publicado nesta quinta-feira (2) na revista científica Science. O fármaco parece ser mais potente do que os medicamentos usados atualmente contra a doença e deve estar disponível para testes clínicos ainda este ano.
Os métodos de tratamento atuais exigem que os pacientes tomem o medicamento de uma a quatro vezes por dia durante um período de três a sete dias. Segundo Elizabeth Winzeler, autora do estudo e membro do Instituto de Genômica da Fundação de Pesquisa Novartis, reduzir o tratamento a uma dose única faz com que o parasita tenha dificuldade para desenvolver resistência ao remédio.
– Tem muitas características encorajadoras, inclusive um perfil de segurança atraente e potencial de tratamento em uma única dose oral.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2008 houve aproximadamente 247 milhões de casos de malária, doença que causou naquele ano quase um milhão de mortes, a maioria entre crianças pequenas na África.
A malária é contraída quando pessoas são picadas por mosquitos infectados com o parasita Plasmodium. A doença causa febre e vômitos e pode tornar-se rapidamente perigosa ao interromper o fluxo sanguíneo para órgãos vitais.
Os parasitas da doença já desenvolveram resistência a uma série de medicamentos antimalária em muitas partes do mundo e, há mais de uma década, uma nova classe de medicamentos para tratar a doença começou a ser amplamente usada.
De acordo com Mark Fishman, presidente do Instituto de Pesquisa Biomédica da Novartis, a malária permanece um flagelo.
– O parasita demonstrou ter uma habilidade frustrante de neutralizar novos medicamentos. Estamos felizes que nossos cientistas possam fornecer esta nova terapia potencial para a malária, baseados em uma estrutura química sem precedentes e direcionada para um novo alvo.
O estudo
O medicamento foi testado em camundongos infectados com uma cepa de malária que costuma matar no prazo de uma semana.
Uma única e elevada dose do medicamento mostrou-se capaz de curar todas as cobaias infectadas. Três dos seis ratos que receberam uma dose menor foram curados, e a taxa de sucesso chegou a 90% entre aqueles que tomaram três vezes a droga de menor dosagem.
Tem havido pouco incentivo econômico para o desenvolvimento de novos medicamentos antimalária porque a doença ataca, sobretudo, os países mais pobres do mundo.
O composto, denominado NITD609, foi desenvolvido em parceria com a gigante farmacêutica Novartis, algumas organizações sem fins lucrativos, agências governamentais americanas e cingapurianas, além de cientistas de universidades dos Estados Unidos, da Suíça, da Tailândia e da Grã-Bretanha.
Estudos mais amplos em animais estão em andamento e os cientistas agora trabalham para obter a aprovação para testes de fase 1 em humanos.
Copyright AFP – Todos os direitos de reprodução e representação reservados