Os rumores sobre acertos de resultados entre clubes, como o que aconteceu entre Portuguesa e São Bernardo no final de semana, acompanham o futebol há muito tempo. Serginho Chulapa, um dos maiores artilheiros do futebol brasileiro, participou certa vez – já no final de sua carreira – de um "jogo de compadres". Como o empate era ótimo resultado para as duas equipes, os capitães, antes do jogo, conversaram sobre deixar o placar intacto. Bastava que nenhum atleta se esforçasse muito em campo.
O jogo seguiu morno, com poucos lances de ataque, até a metade do segundo tempo. Foi quando ou jogador da equipe rival a de Chulapa arriscou um chute de longe, sem pretensão. Mas o adversário acabou pegando muito bem na bola e contou com a distração do goleiro, que não imaginava que viria uma bomba do meio campo. A bola entrou no ângulo e o gol gerou um desconforto para ambas as equipes.
Rapidamente, os capitães das equipes voltaram a conversar e acertaram que o time que marcara o gol faria um pênalti para que o jogo pudesse terminar empatado. Minutos depois, em uma jogada de ataque da equipe de Chulapa, o zagueiro adversário segurou acintosamente o atacante.
Pênalti, que Serginho se preparou para bater. O goleiro rival se aproximou do centroavante e perguntou:
– Qual canto você vai bater?
Serginho, desconfiado da “honestidade” do arqueiro, retrocou:
– Em qual você vai pular?
– No direito – respondeu o goleiro.
– No meu direito ou no seu direito – questionou Serginho.
– No meu direito – esclareceu o adversário.
Ainda desconfiado, Serginho correu para a bola e optou por chutar forte, no meio do gol. O goleiro, como combinado, havia pulado para o canto direito (direito do arqueiro), e viu a bola estufar a rede próximo a seu pé.
Depois do gol, as duas equipes tocaram bola no meio de campo e esperaram o jogo acabar. Ninguém mais arriscou um chute ao gol, nem de longa distância.