Carros apreendidos na casa de Collor estão em nome de empresas

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No tempo em que os brasileiros produziam e dirigiam “carroças”, um presidente da República ia para a berlinda por causa de um Fiat Elba de cerca de R$ 45 mil em preço atualizado e um controverso jardim estimado em US$ 2,95 milhões, que valem quase o dobro na correção da moeda americana. Passados 23 anos, as cifras milionárias não estão mais no paisagismo da Casa da Dinda, mas na frota de R$ 5,8 milhões ligada ao agora senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), um dos investigados nos inquéritos da Operação Lava Jato abertos no Supremo Tribunal Federal.

VEJA IMAGENS DOS CARROS APREENDIDOS

Na Operação Politéia, a Polícia Federal apreendeu na terça-feira, 14, na Casa da Dinda, em Brasília, três exemplares das marcas Porsche e Ferrari, além de um modelo quase exclusivo da Lamborghini. Os três veículos não estão em nome do ex-presidente e sim em nome de empresas. A Ferrari e a Lamborghini estão em nome da Água Branca Participações, em que Collor é sócio. O Porshe está registrado como sendo de um comércio de combustíveis. Os carros não foram declarados no imposto de renda do senador justamente por estarem em nome de terceiros.

Três importados que mostram o quanto evoluiu o gosto e os gastos de Collor com carros desde o Fiat Elba 1991 nacional. Quando era presidente, em uma viagem à Europa, Collor disse que os carros brasileiros, comparados aos europeus, pareciam “carroças”.

A compra do Elba, uma perua feita para a classe média brasileira, foi atribuída a PC Farias pela CPI que investigou a influência do ex-tesoureiro de campanha no governo. O escândalo também ligava o empresário às obras do jardim da Casa da Dinda, um símbolo da política nos anos 90, e culminou no impeachment e na cassação do então presidente da República – em 2002, Collor foi absolvido pelo Supremo.

Garagem

O automóvel mais “modesto” apreendido na Casa da Dinda é um Porsche Panamera S 2011/2012 que hoje vale pouco mais de R$ 473 mil, conforme a tabela Fipe. É o único veículo da frota registrado em Maceió – os demais têm placas de São Paulo – e o mais “família” deles.

Em 2009, a marca alemã que carrega o nome do criador do Fusca, Ferdinand Porsche, decidiu abrir mais duas portas no novo carro, sem transformá-lo num sedã nem abrir mão da esportividade vista principalmente no clássico 911. Ao comprar seu Panamera, pelo que mostram as fotos da operação, Collor pagou mais caro para trocar as rodas originais por um desenho mais esportivo.

A Ferrari 458 Italia 2010/2011, pintada na tradicional (ou clichê) cor vermelha da marca italiana, custa no mercado de usados R$ 1,1 milhão – quando chegou ao Brasil, em abril de 2010, o preço começava em R$ 1,5 milhão (o equivalente a R$ 2,1 milhões hoje). O nome não faz menção só à origem da Ferrari: cita o motor 4.5 de 8 cilindros em V capaz de levar o carro a 325 km/h – um Fiat Elba 1.6 de 4 cilindros, em teste publicado pela revista Quatro Rodas em junho de 1991, chegou a 153 km/h.

A joia da garagem da Casa da Dinda é o Lamborghini Aventador LP 700-4 Roadster, modelo 2013/2014, hoje avaliado em mais de R$ 3,2 milhões. Com 700 cavalos de potência, vai a 100 km/h em 3 segundos – quase cinco vezes mais rápido que um Fiat Elba.

O carro de Collor é mais exclusivo que o de Eike Batista – o do senador tem teto removível, enquanto o do empresário era fixo. Collor também escolheu a exclusiva cor Azzuro Thetis, cuja tonalidade varia dependendo da incidência de luz e pode fazer o carro parecer prateado. Ah, e claro, o Lamborghini de Collor não foi leiloado como o de Eike.

Pelo que se comenta entre donos de superesportivos, só haveria mais uma unidade do Aventador Roadster no Brasil além da apreendida na Casa da Dinda.

Dinheiro

Além da frota de Collor, a PF apreendeu R$ 4,028 milhões, US$ 45,6 mil e 24,5 mil, tudo em dinheiro, além de joias e mais dois veículos de luxo. O maior montante apreendido – R$ 3,67 milhões – estava em um “cofrão”, conforme definição dos agentes, no escritório em São Paulo do empresário Carlos Alberto Santiago, o Carlinhos, dono da rede de postos de combustíveis Aster Petróleo. Ele é suspeito de ter intermediado propina de 1% para Collor sobre um contrato de R$ 300 milhões na BR Distribuidora. O Estado não localizou Carlinhos. Com informações do Estadão Conteúdo.

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