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Pelo menos 125 candidatos que fizeram o concurso da Polícia Judiciária Civil, que foi suspenso pela Justiça Federal, expõem uma série de lesões, que teriam sido consequências da realização do Teste de Aptidão Física (TAF), que reprovou a maioria deles. Em grupo de Whatsapp, criado com o objetivo de trocar informações, os concurseiros compartilharam machucados e denunciam o local inapropriado à prova.
Em entrevista, Odezio Júnior, 23, que passou para escrivão, relatou que a maioria das lesões reclamadas pelos participantes ocorreram durante o exercício de abdominal remador, já que os avaliadores exigiam que eles fizessem barulho ao bater no chão. “Várias pessoas foram muito lesionadas, isso porque o exercício do abdominal remador, exige que você encoste a cabeça e as mãos no chão, pra voltar à posição inicial. Como eles exigiam barulho, os participantes batiam com força a cabeça no chão de concreto”, explicou.
Os concorrentes alegam que o local da prova era inapropriado para a realização dos exercícios exigidos. Por meio de um ofício enviado para Universidade Federal de Cuiabá (UFMT), eles relataram a negligência durante a execução do abdominal remador, que foi o responsável por eliminar a maioria dos candidatos.
“A banca da UFMT exigiu no teste de abdominal remador que a posição inicial fosse observada a cabeça e mãos encostadas ao chão. Não contou, porém, com um local apropriado para a realização da prova feita em concreto e um mini colchonete não-estático, causando lesões na cabeça e mãos de vários candidatos, já que não havia amortecimento para esse exercício de alta intensidade e velocidade, já que havia o limite de 1 minuto para execução de 38 abdominais”, relata.
A reportagem entrou em contato com a UFMT, que informou que o concurso está suspenso por prazo indeterminado até a apresentação de um novo cronograma.
“O presente concurso por prazo indeterminado, até a apresentação de novo cronograma. Será disponibilizada, através da Área Restrita do Candidato, a gravação do Teste de Aptidão Física e após a liberação das gravações, será aberto prazo de 48 horas para interposição de recurso administrativo em face do referido teste”.
Sobre a suspensão
O juiz em exercício da 2ª Vara Federal de Mato Grosso, Hiram Armênio Xavier Pereira, suspendeu o concurso público da Polícia Civil de Mato Grosso realizado em fevereiro deste ano após recurso da Defensoria Pública da União.
Em sua decisão, proferida nessa quinta-feira (19), o magistrado entendeu que a recusa da Gerência de Exames e Concurso em fornecer as imagens e gravações dos Testes de Aptidão Física (TAF) dos candidatos prejudica qualquer recurso para revisão dos resultados do concurso.
“O acesso à filmagem do exame físico é a única forma de permitir a averiguação da inexistência de erros na análise da comissão, possibilitando ao candidato o direito de recorrer, ou não, de forma assertiva de eventual resultado negativo”, diz trecho da decisão.
O concurso público foi realizado no dia 20 de fevereiro. Logo após as provaas, a Ouvidoria do Ministério Público do Estado (MPE) recebeu diversas denúncias, como ausência de detectores de metal, celular vibrando em sala de aula e selfs (autofotografia) realizadas no local das provas estão entre as irregularidades apontadas e que serão analisadas por meio do Núcleo de Promotorias da Cidadania. Um grupo de candidatos já se organiza para ingressar com pedido de cancelamento do certame realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), contratada pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).