Levantamento inédito do Ministério da Saúde nos registros de pacientes que morreram de dengue este ano revela falha no atendimento em 69% dos casos. O trabalho mostra que metade das mortes ocorreu em municípios com baixa cobertura no Programa Saúde da Família.
Eduardo Hage, diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, comentou o resultado.
– Os números indicam a necessidade de ajustes na forma de atendimento.
A urgência para resolver o problema é reforçada diante do panorama para o verão: 19 Estados, que abrigam 80% da população, apresentam risco muito alto ou alto de epidemia de dengue. Além disso, as mortes por dengue bateram recorde este ano, fazendo pelo menos 530 vítimas no Brasil.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) é enfática ao afirmar que as mortes pela doença são evitáveis. O máximo tolerado é de até 1% dos casos graves. Bem menos que o registrado no País. Até julho, a taxa de mortalidade foi de 3,9%.
A pesquisa do ministério, cujos números finais devem ser divulgados até o fim do mês, quer desvendar as razões de taxas tão elevadas. A partir daí, o assunto deverá ser discutido com autoridades locais.
A análise foi feita nos seis Estados que, reunidos, respondem por 70% do total de mortes do Brasil: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia.
Desenvolvido em colaboração com secretarias estaduais de saúde e com secretarias municipais das cidades com maiores indicadores, o estudo partiu da avaliação de prontuários, de entrevistas com profissionais de saúde e com familiares do pacientes mortos.
– A meta é verificar se há grupos mais vulneráveis e avaliar o tratamento ofertado.
Até o momento, foram analisados 66 casos fatais – número que já permite traçar alguns indicadores. Uma das principais constatações é a de que pacientes não foram atendidos conforme as diretrizes do ministério.
– Não foi feita a classificação de risco do paciente