A primeira-ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, afirmou que o ataque durante um debate sobre blasfêmia e liberdade de expressão em Copenhague foi um ato terrorista.
— Agora acreditamos que foi um ataque com motivação política, portanto, um ataque terrorista. Estamos em alerta em todo o país.
As declarações foram feitas em uma entrevista no local do ataque.
A polícia inicialmente acreditava que eram dois suspeitos que tinham atacado o seminário sobre arte, blafêmia e liberdade de expressão, matando uma pessoa e ferindo outras três. Mas agora eles procuram por apenas um atirador. As três pessoas feridas eram policiais.
Entre os participantes do debate estava Lars Vilks, um polêmico cartunista sueco que já foi ameaçado de morte depois de fazer charges do profeta Maomé. Ele não foi ferido durante o ataque.
O embaixador francês, François Zimeray, também participava da reunião. Logo depois do incidente, foi postada uma mensagem no Twitter do embaixador informando que ele está vivo. O debate estava ocorrendo em um café da capital dinamarquesa e a área em volta foi fechada.
Testemunhas
Em uma gravação de áudio feita dentro do local do ataque e obtida pela BBC é possível ouvir muitos tiros interrompendo as discussões.
Niels Ivar Larsen testemunhou o ataque e disse à agência de notícias Associated Press:
— Ouvi alguém disparando com uma arma automática e alguém gritando. A polícia reagiu atirando e eu me escondi atrás do bar.
Segundo o correspondente da BBC Malcolm Brabant, a área em volta do local do debate está isolada pela polícia. Os policiais não apenas fecharam a região, mas também estão realizando buscas em parque próximo.
Charlie Hebdo
O seminário foi descrito no site pessoal do cartunista Lars Vilks como um debate sobre se deveria existir limite para a expressão artística ou para a liberdade de expressão.
A descrição do evento perguntava se artistas poderiam “ousar” e cometer blasfêmia depois de ataques como o ocorrido contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo, que ocorreu no mês passado em Paris.
Dois atiradores invadiram o escritório da Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas, incluindo dois policiais. Os irmãos Cherif e Said Kouachi, mortos pela polícia dois dias mais tarde, foram motivados pelas polêmicas charges do profeta Maomé feitas pela revista – quatro cartunistas também morreram.
Lars Vilks já sofreu ameaças e os organizadores do evento deste sábado informaram no site que haveria “segurança rigorosa”, como de costume em todos os eventos em que ele se pronunciava em público.
Uma organizadora do seminário, Helle Merete Brix, disse à BBC que o local estava sendo vigiado por policiais armados e agentes de segurança do serviço secreto da Dinamarca, além dos seguranças do próprio cartunista. Helle afirmou que considera o incidente como um ataque contra Vilks.
Em 2007 Vilks fez uma charge do profeta Maomé fantasiado de cachorro. Em 2010 dois irmãos tentaram incendiar a casa do cartunista, no sul da Suécia, e foram presos.
Em maio daquele mesmo ano ele foi atacado por manifestantes muçulmanos durante uma palestra sobre liberdade de expressão na Universidade de Uppsala, na Suécia.
E, em março de 2013, Vilks foi colocado na lista dos “mais procurados” pela Al-Qaeda da Península Árabe.
Charges mostrando o profeta Maomé foram publicadas por um jornal da Dinamarca em 2005, o que desencadeou protestos violentos em países muçulmanos.
BBC Brasil – Todos os direitos reservados – É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC