O chá é uma bebida milenar cheia de histórias, lendas, e impregnada dos mais diversos aspectos culturais.
Alguns chás possuem efeitos terapêuticos, e em sua grande maioria, tomar a bebida quente ou gelada todos os dias não representa, aparentemente, risco algum ao individuo.
O diagnóstico ainda não é definitivo, mas suspeita-se que a mulher tenha desenvolvido uma fluorose esquelética, doença óssea causada pelo excesso no consumo de flúor, mineral este encontrado geralmente em chás e água potável.
A mulher, que tinha o costume de beber uma jarra de chá com pelo menos 100 saquinhos ao dia, durante 17 anos, há 5 começou a sentir dores na parte inferior das costas, nos braços, pernas e quadris. Em seus raios X foram verificados algumas áreas de ossos muito densos sobre a coluna vertebral, bem como calcificações nos ossos do braço.
O pesquisador e doutor do Hospital Henry Ford e que também é especializado em endocrinologia e metabolismo ósseo e mineral, Dr. Sudhaker D. Rao, está à frente do caso, e segundo ele, os níveis de sangue da paciente com excesso de flúor está quatro vezes mais elevado do que aquilo que seria considerado saudável.
O fluoreto é uma substância que é adicionada à água potável para evitar as cáries, mas seus níveis são baixos, e eles por si só, não são capazes de provocar uma doença tão séria como a fluorose esquelética. Essa doença é comum em países que possuem níveis elevados de flúor na água como a Índia e a China, mas não é o caso dos Estados Unidos e grande parte dos países europeus.
O doutor conta que a paciente foi procurá-lo, após outros médicos terem suspeitado de que ela tinha câncer, e como Rao é de origem indiana, talvez a doença da paciente pudesse ter outra explicação, já que Rao tinha visto casos de fluorose esquelética na Índia, e “eu era capaz de reconhecê-lo imediatamente”, disse o doutor.
Normalmente, o fluoreto que está em excesso no organismo, é eliminado pelos rins, mas ao contrário dessa paciente, que conseguia consumir chá de uma forma absurdamente excessiva, no decorrer do tempo, os cristais de fluoreto passaram a se armazenar e acumular nos ossos, segundo Rao. Isso explica a densidade encontrada na coluna vertebral e as calcificações no braço.
Há casos de pessoas diagnosticadas com fluorose esquelética nos Estados Unidos. São casos atípicos, pois essas pessoas relataram que consumiam um litro de chá por dia. A paciente agora estudada parou de tomar chá, por recomendação médica e já sentiu alguma melhora. De acordo com Rao, os depósitos de flúor irão desaparecer gradativamente conforme os próprios ossos se remodelam no corpo da paciente.
Nesta quinta-feira (21) o caso foi publicado no periódico de medicina New England Journal of Medicine.