Agentes da PF aprovam estado de greve em Mato Grosso

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Medida compromete segurança durante a realização do Mundial de Futebol


LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

Agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal em Mato Grosso aprovaram, em assembleia realizada na última quarta-feira (5), entrar em estado de greve, reivindicando, entre outras, reestruturação de carreira e aumento de salário.

A medida acende um alerta no Governo Federal, que vê a segurança na fronteira, nos aeroportos e nas cidades-sedes da Copa do Mundo ameaçada às vésperas da realização do Mundial, que acontece em junho e julho deste ano.

O estado de greve foi aprovado em outros 17 estados e no Distrito Federal, e é a mensagem dada pela categoria ao Governo Federal de que pode cruzar os braços por tempo indeterminado a qualquer momento.


Nas assembleias, os agentes aprovaram a criação de um calendário de mobilização, que terá início na sexta-feira (7), com a realização de um “algemaço”, em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal, localizada na Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do CPA), das 8h às 10h.


A categoria também já aprovou a realização de paralisações nacionais durante os próximos dias. A primeira está agendada para terça-feira (11).

Segundo o presidente do Sindicato dos Policias Federais em Mato Grosso (Sinpef-MT), Erlon José B. de Souza, as demais paralisações serão progressivas: ainda em fevereiro, os agentes devem cruzar os braços por dois dias (25 e 26) e, em março, por três dias (11, 12 e 13).

“Vamos fazer as três paralisações como forma de pressionar o Governo a negociar. Se não tivermos resposta, vamos estudar a possibilidade de realizar uma greve por tempo indeterminado até mesmo durante a Copa do Mundo”, disse.

Reivindicações


De acordo com o presidente, desde 1996, os concursos realizados para o provimento de cargos na PF exigem nível superior.


A remuneração, porém, estaria abaixo do que é pago pelo Governo Federal aos servidores de outras agências reguladoras, segundo ele, como os servidores lotados na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).


“Estamos há quase oito anos. O Governo está dando um golpe nos funcionários. Para fazer concurso, tem que ter nível superior, mas o salário é de nível médio”, reclamou.

Segundo Souza, o salário inicial de um agente da PF, hoje, é de R$ 7 mil, podendo chegar a R$ 11,8 mil no final da carreira, enquanto nas demais agências o salário inicial seria de R$ 13 mil.

Além de reestruturação da carreira, a categoria em Mato Grosso pede para que sejam mantidas as atribuições que teriam sido tiradas das mãos da PF, bem como o retorno de agentes, escrivães e papiloscopistas para cargos de chefia.

“Nossas atribuições estão sendo distribuídas para a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a Força Nacional. Os cargos de chefia, que eram dos agentes, passaram a ser ocupadas apenas por delegados federais”, afirmou.

Outro ponto levantado pelos agentes é quanto à falta de efetivo para garantir a segurança no Estado. Atualmente, segundo Souza, a Polícia Federal 
conta com 160 agentes distribuídos entre a Superintendência (Cuiabá), Rondonópolis, Cáceres, Barra do Garças e Sinop.


“Apenas na delegacia de Cáceres tem 45 policiais para cobrir uma fronteira de 900 km. É um absurdo. Esse efetivo da PF para Mato Grosso é ridículo. Só para a região de Cáceres, para fazer um trabalho digno de segurança na fronteira, o ideal seria que houvesse 250 agentes. Para cobrir todo o Estado, a PF precisaria de 750 agentes”, disse.

Serviços prejudicados


O presidente do sindicato ressaltou que, entre os serviços que devem ser prejudicados em caso de greve por tempo indeterminado, estão a emissão de passaportes e a segurança na fronteira e nos aeroportos.

“Quem cuida dos estrangeiros, por exemplo, é a PF. Isso é competência nossa. Em caso de greve durante a Copa, eles ficarão sem atendimento”, disse.

Movimento nacional


O estado de greve já foi decretado pela categoria também nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte.

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