Aclamado nas ruas, Joaquim Barbosa é o primeiro presidente negro do Supremo

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Eleito no começo de outubro por nove votos a um, o ministro Joaquim Barbosa assume a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (22). Será a primeira vez que um negro vai presidir a mais alta Corte do País.

 

Indicado para a instituição em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Barbosa tem 58 anos e vai cumprir dois anos de mandato como presidente do STF. A eleição do presidente da Corte ocorre por meio de um sistema de rodízio entre os integrantes da instituição, permitindo a alternância do poder.

A cerimônia de posse será às 15h (horário de Brasília) e vai contar com as presenças da presidente Dilma Rousseff; do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia; e do presidente do Senado, José Sarney.

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Barbosa ficou famoso nas ruas por seu estilo implacável na hora de dar a sentença dos réus. Na eleição de outubro, Barbosa teve nove votos e Ricardo Lewandowski conseguiu um, o que o coloca na vice-presidência.

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A presidência do Supremo chega a Barbosa exatamente no momento mais midiático da Casa, já que o julgamento do mensalão está em andamento. O ministro, inclusive, é o relator do processo, que tem Lewandowski como revisor.

Cabe ao relator coordenar, convocar testemunhas e estudar com mais profundidade o processo. Como é o que melhor conhece a ação, seu voto costuma ser seguido pela Corte, o que vem acontecendo no caso do mensalão. Com essa responsabilidade, Joaquim vem “condenando implacavelmente”, como diz um dos advogados dos réus do processo.

A postura firme de Barbosa lhe rendeu fama nas redes sociais e nas ruas. Quando foi votar, no primeiro turno das eleições municipais, foi tratado como celebridade no Rio de Janeiro e tirou fotos com fãs. Barbosa não reclama do assédio nas ruas. Pelo contrário, considera consequência natural do julgamento.

O ministro também acha graça das charges que amigos e funcionários mostram nas redes sociais. Nelas, aparece como super-herói, o herói do Supremo. Seus pares não falam sobre a repercussão positiva de sua imagem, mas colhem os frutos da boa fama que a Corte está conquistando com o julgamento graças ao desempenho de Barbosa.

Pobreza na infância

A história de Barbosa é que o faz ter o perfil positivo no imaginário popular. Filho de um pedreiro e de uma dona de casa, ele cresceu discriminado na pequena cidade mineira de Paracatu. Parte de um time de futebol só de negros, “Os bocapreta”, tem orgulho de lembrar que era no futebol que os meninos do seu bairro, negros e segregados pela pobreza, se destacavam.

Barbosa conciliou o ofício de ajudar o pai com os estudos. Mais adiante, a família se mudou para Brasília, e Barbosa foi cursar direito na Universidade de Brasília. Trabalhou na gráfica do Senado, foi oficial de chancelaria e aprovado no concurso de procurador federal.

A história, que já era considerada vencedora, mudou mais uma vez em 2003, quando foi indicado por Lula para compor a Corte. O próprio ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, hoje condenado por Barbosa, intermediou a sua indicação. É de Dirceu a carta que indica o ministro ao Senado.O processo de escolha também contou com a participação do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, hoje advogado de um dos réus do mensalão.

Fama de brigão

Apesar de ser mineiro, Barbosa não faz juz à fama de quieto de seus conterrâneos. Durante o processo do mensalão, trocou farpas com os colegas Lewandowski e Marco Aurélio Mello. Na troca de acusações, Marco Aurélio manifestou preocupação com o perfil de Barbosa quando assumisse a presidência.

Barbosa não deixou por menos e, na resposta, insinuou que Marco Aurélio está no Supremo por suas relações familiares. Aurélio é primo do ex-presidente Fernando Collor, que o indicou para compor a Corte.

Nos bastidores, o relator do mensalão costuma dizer que não se importa com essas inimizades. A postura não é a mesma diante de notícias que o desagradam. Leitor assíduo dos principais jornais do País, Barbosa fica atento e se irrita com reportagens ou entrevistas distorcidas. Por isso, e para resguardar sua função de ministro, explica que não dá entrevistas.

Nos bastidores do julgamento do mensalão, no entanto, Barbosa costuma explicar aos jornalistas os pontos que restaram dúvida no julgamento. Tudo em off. Ninguém está autorizado a divulgar o que fala.

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