A greve de silêncio de Julio César pode durar até o final da Copa…

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A zona mista que nós jornalistas tanto falamos e pedimos na seleção brasileira e nos clubes é obrigatória na Copa do Mundo.

Os jogadores saem do vestiário e passam por um longo corredor.

Neles ficam, no caso da Copa, centenas de repórteres.

Os atletas ficam a um metro dos jornalistas.

O que os separa é uma proteção baixa de madeira.

Tudo foi feito para o contato.

Para o repórter colocar o gravador ou o microfone na boca do jogador e fazer a entrevista.

O contato é muito mais próximo e íntimo do que nas coletivas.

Ontem, dia de vitória, todos pararam, falaram, sorriram.

Reservas, titulares.

Ou melhor, quase todos.

Um fez o longo trajeto de quase 70 metros calado.

De nada adiantaram os pedidos, os gritos, os braços esticados com os microfones.

Julio César, o melhor goleiro do mundo, fingia não ouvir.

Fazia de conta que não era com ele.

Andou de cara fechada e entrou no ônibus da seleção brasileira sem olhar para trás.

Nem parecia que o Brasil havia se classificado entre os oitos melhores times da Copa.

Os seus milhões de fãs não ouviram uma palavra dele.

Foi o seu protesto.

Contra Portugal, as câmeras da Fifa mostraram para o mundo inteiro a proteção que usa para a sua coluna.

É um colete maleável.

Mas que possui metal para lhe dar base, firmeza.

A Fifa proíbe ao jogador utilizar qualquer material que possa expor o adversário e ele mesmo a contusões.

O Brasil questionou a escalação de Drogba da Costa do Marfim pela proteção ao seu braço quebrado ter metal.

O colete de Julio César tem a base e barbatanas de metal.

Um repórter de O Estado de S. Paulo e outro de O Globo perguntaram ao goleiro sobre o seu colete.

Constrangido, ele pediu para os dois não colocarem nada nos jornais para não 'o ferrar'.

Julio César afirmou que só se sente seguro com o colete.

Ele tem dores na coluna.

Ela é o seu ponto fraco fisicamente.

Mas os jornalistas publicaram.

A notícia se espalhou, agentes da Fifa quiseram verificar o colete e o aprovaram.

Mas Júlio César não perdoou os jornalistas.

Há quem garanta que ele levará a greve do silêncio até o final da Copa.

É um direito dele.

Melhor do que brigar, xingar, ameaçar.

Que Júlio César continue sendo o melhor goleiro do mundo, jogando bem, salvando o Brasil.

Que ele consiga descobrir um tratamento que o livre das dores das costas.

Mas decidir se publica ou não uma notícia verdadeira é prerrogativa dos jornalistas.

Não há ninguém errado nesta história.

Antes da Seleção estão os leitores destes repórteres, a verdade.

E se Julio César esperava o silêncio, que continue calado.

A obrigação do jogador é entrar em campo e fazer o seu melhor.

A do repórter, buscar a notícia.

Ponto final.

E a vida segue…

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