Quando Carlos Amarilla encerrou o jogo foi um escândalo.
Torcida e imprensa brasileira revoltadas.
O árbitro paraguaio não marcou dois pênaltis claros a favor do Corinthians.
Muito fáceis de serem vistos.
E o time perdeu a chance de brigar pelo bi da Libertadores.
Foi prejudicado em pleno Pacaembu.
Acabou eliminado pelo Boca Juniors e por Amarilla.
Houve várias reuniões no Parque São Jorge.
Dirigentes irritados decidiam o que fazer.
Não aceitar que Amarilla apite mais qualquer jogo do time foi consenso.
Mas o radicalismo, como não mais disputar a Libertadores, acabou esquecido.
Foi preciso ter frieza naquela hora de revolta.
O clube já havia vencido o Paulista.
Além da Libertadores, tinha outro objetivo importante em 2013.
Ganhar de qualquer maneira a Recopa.
E para isso seria fundamental a participação da sua torcida.
Pela morte do garoto Kevin Spada os torcedores estavam suspensos.
Não poderiam acompanhar que o Corinthians não fosse mandante.
Por um ano e meio.
A Recopa deste ano é especial para os paulistas.
Reúne os atuais mais poderosos rivais da cidade mais rica da América Latina.
Os corintianos de um lado como vencedores da Libertadores de 2012.
Do outro, o São Paulo, campeão da Copa Sul-Americana do ano passado.
A competição será decidida em duas partidas.
Houve até um movimento para tentar levar a decisão para a China.
Só que a Conmebol não permitiu desfigurar o torneio.
Continuou valendo um jogo na casa de cada finalista.
Juvenal Juvêncio estava calado, satisfeito.
Esperava que a lei fosse cumprida.
E que na primeira partida no dia 3 de julho, o Morumbi seria dos são paulinos.
Venderia ingressos para sua torcida para todos setores do estádio.
O plano era não permitir infiltrados.
Já que os corintianos não respeitavam a proibição da Conmebol.
Eles continuaram indo aos estádios dos adversários corintianos.
Isso não aconteceria no Morumbi.
Mas o dirigente são paulino acabou chocado ontem.
Não esperava a manobra de bastidores da diretoria rival.
Mario Gobbi conseguiu a liberação dos corintianos.
Eles estarão no Morumbi.
Legalmente há explicação.
Como o clube entrou com recurso para a liberação de sua torcida…
E ele ainda não foi julgado, a Conmebol teria de ceder.
A argumentação é rasa, acreditam os advogados do São Paulo.
Nos bastidores, a explicação é mais convincente.
Houve um escambo, uma troca.
O Corinthians foi prejudicado na Libertadores.
Mas preservou o novo presidente da Conmebol, o uruguaio Eugenio Figueredo.
Poderia desgastar sua imagem logo ao assumir a entidade.
Liderar um boicote à competição, como foi sugerido a Mario Gobbi.
O presidente sabia que não poderia virar as costas à Libertadores.
Ela envolve muito dinheiro.
Tornou-se a competição mais cobiçada pelos corintianos.
Então resolveu dar seu apoio a Figueredo.
Mas cobrou essa postura.
Pressionou pela liberação da torcida contra o São Paulo.
Em silêncio, nada de imprensa.
Direto na entidade que fica no Paraguai.
E conseguiu.
Foi uma pequena compensação pelo que fez Amarilla.
O Corinthians deverá ter seus tradicionais 10% de torcedores no Morumbi.
Derrota para o São Paulo, que não tinha nada a ver com a confusão.
Os dirigentes acreditavam que a pena dos 18 meses estaria valendo.
Não está mais.
Enquanto o Brasil está paralisado pelos protestos, os corintianos foram liberados.
Juvenal mais uma vez desconta seu ódio ao aliado José Maria Marin.
Manda recados cobrando o dirigente.
O presidente da CBF manda avisar que a determinação foi da Conmebol.
No Morumbi os conselheiros colocam mais uma derrota na conta de Juvenal.
Na falta de visão do que estava acontecendo.
E cobram dele uma postura firme em relação à Conmebol, à CBF de Marin.
Independente a isso, a direção corintiana comemora.
Sabe que o time terá um apoio importante na casa do rival.
E que os corintianos serão 90% no jogo decisivo no Pacaembu.
A definição do campeão sairá no dia 17 de julho.
Mário Gobbi ganhou muita moral diante dos seus conselheiros.
Ele havia avisado que não valeria a pena brigar pela eliminação da Libertadores.
Nem crucificar a Conmebol, nem exigir a demissão de Amarilla.
A partida contra o Boca Juniors não voltaria atrás.
A única saída seria fazer o contrário do que todos esperavam.
Apoiar a nova diretoria da Conmebol.
E tirar proveito dessa postura racional.
Foi o que aconteceu.
A direção do São Paulo não percebeu o que estava acontecendo.
O Corinthians já começou ganhando a decisão da Recopa.
A diretoria também está tranquila em relação aos árbitros.
Carlos Amarilla está vetadíssimo.
Vitória nos bastidores de Gobbi diante do inerte Juvenal.
Suas cadeiras vermelhas serão ocupadas por corintianos no Morumbi…