Dante ajudou Alencar a expandir o seu império têxtil

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O ex-vice presidente do Brasil, José Alencar (PRB), 79, falecido na última terça-feira (29), confessou, em biografia, que parte de sua ascensão empresarial se deveu ao ex-governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira, falecido em 2006. A informação está no livro "José Alencar – Amor à Vida, a saga de um brasileiro", da jornalista paulista Eliane Cantanhêde.

Alencar, que teve infância pobre em Minas Gerais, saiu de casa aos 14 anos para trabalhar e, aos 18, conseguiu montar sua primeira loja, era considerado um dos grandes empresários de sucesso do país, devido à criação do Grupo Coteminas, gigante do ramo têxtil.

Fora do país, a empresa, comandada pelo filho do ex-vice presidente, desde 2002, Josué Gomes da Silva, já possui fábricas na Argentina, Estados Unidos, Canadá e Índia.

Em entrevista ao Globo News, Eliane Cantanhêde afirmou que Alencar teve vários "pulos do gato" durante sua vida, tanto pelo lado empresarial como político, este iniciado aos 60 anos.

Entre alguns "pulos", os destaques foram para a contribuição que a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) deu, com realização de financiamentos aos empresários da época, e a expansão da produção de algodão que Dante de Oliveira promoveu em Mato Grosso, de 1994 a 2001, quando era governador.

"A Sudene foi uma mãe para vários empresários. Agora, o Zé gostava muito de Dante porque, como governador, ele teve uma percepção de que a indústria têxtil era muito importante para o Brasil. E que, para tal, era necessário ter a matéria-prima, o algodão, que Mato Grosso passou a expandir cada vez mais", relembrou jornalista.

Segundo a jornalista, a expansão do Estado de Mato Grosso não influenciou apenas a ampliação da Coteminas ou outros grandes grupos empresariais, mas, principalmente, garantiu ao próprio país a soberania quanto à matéria-prima necessária.

"O mercado nacional competia em condições muito desfavoráveis com algodão de outros países, principalmente da Ásia. Dante teve uma política fiscal em Mato Grosso que foi superfavorável, não só para a indústria algodoeira, mas também para a indústria têxtil. E, daí para frente, Alencar foi crescendo, se expandindo…", disse Eliane Cantanhêde.

O "pulo" político

A jornalista e escritora Eliane Cantanhede, que integra o jornal Folha de S. Paulo, revelou na entrevista que a entrada de José Alencar na política, já aos 60 anos, se deu por um objetivo único do empresário: se tornar presidente da República.

"Ele não era nada modesto, apoiou o Golpe Militar de 1964, mas também o movimento das Diretas Já. E entrou com esse objetivo: se tornar presidente. E, eu acredito, se não fosse a doença, ele teria sido", disse.

Apesar de não alcançar o cargo de fato, a jornalista comparou os mais de 500 dias de Alencar à frente da Presidência, durante as ausências nos dois mandatos de Luis Inácio Lula da Silva (PT), com outros presidentes.

"Se comparado a Jânio Quadros, que ficou apenas sete meses, Alencar ficou mais de um ano e meio. Ele conquistou, de alguma forma, o que foi buscar na política", completou.

As doenças

Eliane Cantanhêde também lembrou dos momentos que passou ao lado de José Alencar, durante tratamento quimioterápico, para conter um sarcoma (espécie de câncer) no peritônio. A doença foi descoberta após a cura de outros três cânceres, que a jornalista relata no livro.

"O primeiro problema de saúde apareceu em 1997: um câncer de rim. Na mesma época, ele insistiu para verificarem seu estômago, onde foi descoberto outro câncer. Na época, ele tirou um dos rins e três quartos do estômago", revelou.

Após as cirurgias, Alencar descobriu um câncer na próstata e também tirou a vesícula. Por último, veio o sarcoma no peritônio, que foi chamado pela equipe médica de "o bicho".

"O grande câncer foi esse, porque o sarcoma é como se fosse um câncer com vários 'satélites'. Então, quando se opera um, sempre ficam os outros e é um ciclo vicioso. E, no meio do processo, existiam as quimioterapias, que, se por um lado diminuía o sarcoma, por outro, o deixava muito debilitado", relembrou.

Segundo a jornalista, foi após uma das quimioterapias, no segundo dia, que ela conheceu Alencar.

"Nos conhecemos dois dias depois da quimioterapia, que é o pior dia. Fiquei ao lado dele durante sete horas e meia: eu morta de fome, não agüentando mais, e ele ali, com uma resistência, uma garra e uma energia incríveis. Era emocionante sua disposição de lutar", revelou.

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