A possibilidade de o empresário Mauro Mendes abandonar o PSB – na semana passada – para se filiar novamente ao PR se deve às negociações antecipadas de projetos políticos para 2014 (eleições majoritárias, para o Senado e Governo).
Esse processo, conforme se apurou, tem prejudicado a permanência do socialista em qualquer uma das legendas que integram o arco de aliança Mato Grosso Melhor Pra Você (PSB-PDT-PPS-PV), que se apresenta como de oposição ao Governo do PMDB.
Embora não declare publicamente, o senador Pedro Taques (PDT) trabalha para ser candidato ao Palácio Paiaguás em 2014, fechando assim espaço a Mauro Mendes, no contexto desse grupo político.
A cronologia que segue abaixo são resultados de informações colhidas com dirigentes partidários do PSB, PDT, PPS e PV que, no momento, preferem se manter no anonimato.
De acordo com as informações, o projeto de Taques tem a simpatia de um grupo de empresários dispostos a investir em sua campanha, ao acreditar que seu perfil de novidade na política, sem laços com "velhos caciques", faça a diferença junto ao eleitorado, a exemplo do que ocorreu na disputa ao Senado, em 2010.
Apesar da resistência de alas do PDT, o projeto de lançar a candidatura de Taques ao Palácio Paiaguás tem a simpatia do diretório nacional da sigla, presidido pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Luppi.
A única vez em que o PDT concorreu ao Governo de Mato Grosso foi em 1994, com Dante de Oliveira (já falecido), que migrou para o PSDB, três anos depois.
"Trata-se de um soldado que vai encarar essa missão com o propósito de fortalecimento partidário. Além disso, o Pedro Taques tem uma vontade imensa de contribuir com Mato Grosso e vai participar com disposição", informou uma fonte do site.
Reviravolta
Diante deste quadro, abriu-se espaço ao retorno do empresário Mauro Mendes ao Partido da República (PR). A cúpula da legenda, composta pelos deputados federais Homero Pereira e Wellington Fagundes – este último presidente do diretório estadual -, senador Blairo Maggi e Luiz Antônio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), fecharam o consenso no sentido de atrair o empresário novamente para o PR.
A proposta para tentar convencer Mauro Mendes é o projeto de lançá-lo candidato ao Governo do Estado em 2014, na sucessão de Silval Barbosa (PMDB).
Com o impedimento de Silval de disputar a reeleição, a base aliada composta por PMDB-PT-PR está carente de nomes com expressividade eleitoral. Mesmo derrotado na última eleição para governador de Mato Grosso, Mauro Mendes obteve expressiva votação em Cuiabá e Rondonópolis, municípios que figuram na lista dos maiores colégios eleitorais do Estado.
A princípio, o plano da cúpula do PR tinha como meta convencer a militância e o chamado "baixo clero" republicano.
Apesar da simpatia que a cúpula do PR mantém em relação ao perfil de Mauro Mendes, ainda há seqüelas por conta da última eleição para governador do Estado.
Mendes explorou, na campanha, o episódio do Escândalo dos Maquinários (compra superfaturada de equipamentos rodoviários no Governo Maggi) e acusou Silval Barbosa, em debates eleitorais, de desviar dinheiro da Assembleia Legislativa, quando ele era deputado estadual e presidente do Poder.
"Toda essa articulação veio por água abaixo com a revelação de que o PR quer levar o empresário de volta. A possibilidade de retorno do Mauro Mendes ainda existe, mas, o momento certo será aguardado para apaziguar os ânimos", revelou uma fonte republicana.
Entusiasmo
Embora não seja revelado publicamente, aliados de Mendes dizem que o empresário está empolgado com a possibilidade de retornar ao PR. Isso porque ele entende que não há chance alguma de viabilizar candidatura no PSB, legenda controlada com mão-de-ferro pelo deputado federal Valtenir Pereira, que aproveita a votação superior a 100 mil votos na última eleição para fazer "jogo de cena".
"O deputado Valtenir Pereira fala em ser candidato a prefeito de Cuiabá, em 2012. Mas, na verdade, ele entende que o momento do PSB é favorável à construção de alianças, principalmente com a base aliada do Palácio Paiaguás, fato que ele nunca conseguiu esconder", revelou outra fonte.
A dificuldade de Mendes em conquistar maioria no PSB é agravada pelo bom relacionamento de Valtenir Pereira com a cúpula nacional do partido. "O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, respeita e admira o deputado Valtenir. Ainda mais, quando ele desistiu de ser líder do partido na Câmara para ceder espaço a Ana Arraes, que é a mãe do líder maior do partido", completou a fonte.