Neste período de glórias, que se manchou com a humilhante queda, o presidente do clube era Mustafá Contursi. Conselheiro vitalício do Palmeiras, foi um dos principais incentivadores da candidatura de Tirone à presidência do Verdão.
Antes mesmo da disputa pelo posto começar, na noite de quinta-feira (19), Mustafá conversou rapidamente com os jornalistas e interrompeu o bate-papo pedindo licença para “pedir votos” aos conselheiros que chegavam à Academia de Futebol, local onde ocorreu o pleito.
A "ligação perigosa" com Mustafá, que causa calafrios na maioria dos torcedores, não pareceu incomodar o sucessor de Luiz Gonzaga Belluzzo.
– Para ganhar uma eleição, você precisa de apoio. O Lula elegeu a Dilma. Então eu tenho apoio, não só do ex-presidente Mustafá, também do [ex-presidente] Afonso Della Monica Neto. Não tenho problemas de ter o apoio do Mustafá. Eu quero ter o apoio de todo o Conselho do Palmeiras.
A parceria com a Parmalat iniciada em 1992 foi fundamental para que o clube voltasse a conquistar títulos, entre eles os de maior expressão para sua torcida: a Copa Libertadores. O fim da aliança entre o Palmeiras e a empresa, no entanto, fez o Alviverde retornar aos anos turbulentos, muito por causa da política do “bom e barato”, instaurada por Mustafá.
A crise financeira que ronda novamente o Palestra Itália pode trazer de volta o contestado bom e barato. As dividas contraídas na gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo prometem ser o principal problema que Arnaldo Tirone terá que enfrentar. A reprovação das contas do ex-presidente com 236 votos, dos 277 conselheiros presentes, mostra o quanto a situação é complicada.
– Se eu tivesse medo das dívidas, não teria concorrido à presidência. Tenho preocupação, mas acredito muito no Palmeiras.
Pés no chão
Ao falar sobre a possibilidade de instaurar novamente o temido “bom e barato”, Tirone divagou.
– Bom e barato foi uma tentativa que no momento achei que foi válida, mas, o caro e o exagerado também não estão dando certo. Eu me lembro de que em 1961, meu pai vendeu o Chinesinho para a Itália e comprou 11 jogadores. E montou a primeira Academia que vestiu a camisa da seleção brasileira.
Tirone procurou tranquilizar a torcida. Os cofres não serão fechados para contratações, já que o presidente admitiu que o departamento de futebol terá prioridade. Mas não se deve esperar jogadores caros.
– A primeira coisa que a gente tem que fazer no Palmeiras é dar uma organizada, uma equilibrada na administração. O futebol não é uma ciência exata, o futebol é competitivo. E nós estamos trabalhando para ganhar, para formar um time vencedor. Vamos priorizar o futebol, mas com frieza e tranquilidade.
Para o novo presidente, os credores precisam ter confiança no clube como instituição sólida e respeitada e diz que vai honrar os compromissos firmados pelos ex-presidentes.
– A administração do Palmeiras é uma administração honesta. A gente vai procurar cumprir com todas as nossas obrigações.