Antes mesmo da posse, o vice-governador diplomado Chico Daltro (PP) já está em rota de colisão com Silval Barbosa (PMDB). O clima entre ambos começou a azedar na reta final da campanha, tanto que o progressista chegou a "manter distância" e agora, em meio às discussões para composição do secretariado, faz marcação sistemática no governador reeleito e diplomado. Mesmo já contemplado com o cargo de vice, Daltro quer voltar a comandar a secretaria de Ciência e Tecnologia, que passou a ter boa visibilidade e estrutura, principalmente por ter vinculada a ela a Universidade do Estado (Unemat). O Orçamento da pasta subiu 45,6%, dos R$ 45,3 milhões do exercício deste ano para R$ 66 milhões para 2011.
A insistência de Daltro em acumular funções está deixando o governador constragindo e tem provocado crise dentro do próprio PP, do qual é presidente estadual. Outros membros da cúpula, como os caciques José Riva e Pedro Henry, que será secretário de Saúde, defendem que Daltro assuma apenas a cadeira de vice para o deputado federal Eliene Lima comandar a Ciência e Tecnologia. Isso possibilitaria atender o segundo-suplente na Câmara, Neri Geller. O primeiro, empresário Roberto Dorner, já tem a estreia garantida. Entrará no lugar de Henry.
Por causa das exigências de Daltro, que já comandou a Ciência e Tecnologia por mais de dois anos na gestão Blairo Maggi, Silval acabou postergando a definição oficial dos 21 futuros secretários. Por enquanto, definiu 15 nomes.
Daltro já militou em vários partidos, como PDT, PMDB, PSDB e está no PP, pelo qual concorreu a deputado federal em 2006 e, neste ano, ao posto de vice-governador. Em sua trajetória política sempre foi governista. Na gestão Dante de Oliveira, ele trocou a cadeira de deputado estadual para comandar a secretaria de Agricultura. Depois sob Maggi, mesmo se tratando de um governo de oposição, Daltro entrou como secretário de Ciência e Tecnologia.
Sua relação com Silval não é das melhores. O vice faz questão de acompanhar o governador em praticamente todos os atos e reuniões. Demonstra irritação quando não é convidado para algum encontro no Paiaguás. A continuar nessa linha, o peemedebista e o progressista, que têm a missão de conduzir o destino do Estado pelos próximos quatro anos, podem partir para ruptura política.