A briga pela primeira suplência do senador eleito Pedro Taques (PDT) pode ser o começo de uma instabilidade no arco de alianças do ex-procurador da República.
A confusão começou na segunda-feira (6), quando o policial rodoviário federal José Antônio Medeiros (PPS), primeiro suplente, revelou ter sido ameaçado por uma pessoa supostamente ligada ao segundo suplente, empresário Paulo Fiúza (PV), e obrigado a assinar documentos que autorizavam a Justiça Eleitoral de Mato Grosso a fazer uma "troca" das suplências.
De acordo com Medeiros, a ameaça ocorreu durante a reunião na sexta-feira (3) para assinar o documento formalizando que teria ocorrido um erro nos papéis enviados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). É que, desde a desistência do ex-prefeito de Primavera do Leste, Zeca Viana (PDT), da primeira suplência, teria ficado acertado que Fiúza assumiria a candidatura e Medeiros ficaria com a segunda suplência.
Na sexta, Medeiros não concordou em assinar, alegando que poderia haver algum tipo de acordo político, mas não judicial. Além disso, outro ponto analisado pelo policial, em entrevista ao MidiaNews, é que os votos que elegeram Taques senador estão ligados à forma como a chapa foi constituída.
"Verdade pra mim é a verdade das urnas. Na reunião discordava, e discordo, do tipo de encaminhamento que o Paulo [Fiúza] queria fazer, de entrar na Justiça para mudar algo que foi sufragado pelos eleitores. Se algum tipo de correção deveria ter sido feita, era durante a campanha", analisou Madeiros.
Apesar da discordância, o policial rodoviário acabou assinando o documento. De acordo com ele, foi em meio à reunião que a ameaça de alguém ligado a Fiúza teria partido. Sem citar o nome, ele afirmou que a insegurança e a vida de seus familiares o levaram a assinar.
Porém, para Fiúza, a versão de Medeiros não é verdadeira e não tem fundamento. Ele acha que o policial deveria apontar quem o ameaçou de morte.
"Confesso que fui conhecer o Medeiros nesta reunião, em que também estavam presentes o Pedro Taques e Mauro Mendes. Mas, mesmo assim, num lugar onde haviam, no máximo, 12 pessoas e ele afirmar que não sabe o nome de quem o amaeçou? É estranho", afirmou Fiúza.
Outro ponto analisado pelo empresáriop é a "carga negativa" que a suposta ameaça sofrida por Medeiros pode ocasionar para o senador eleito, Pedro Taques.
"O que é lamentável é uma pessoa tomar uma atitude dessas não pensando nas consequências, no prejuízo moral e ético que traz para o projeto de Pedro Taques", completou.
Fiúza disse que pensou em desistir da suplência, já que, depois de uma derrota na disputa pela Prefeitura de Sinop, ele se decepcionou muito com a "política e a Justiça". Afirmou que só mudou de opinião após muita insistência tanto de Taques e de Mendes.
Além disso, de acordo com o empresário, não há qualquer diferença entre as suplências, mesmo porque, raramente, os suplentes assumem, e que o fato de ser o primeiro suplente talvez tenha subido à cabeça de Medeiros.
"Pode ter sido até um desequilíbrio emocional por parte de Medeiros. Ele é jovem, na casa dos 40 anos. Não sou mais criança, tenho 65 anos de idade. Nessa história toda, o que eu acho importante é que o senhor Medeiros dê o nome de quem o ameaçou. Da parte do Partido Verde, posso garantir que não saiu", afirmou.
Fiúza revelou que vai entrar com uma apelação judicial para que Medeiros informe quem o ameaçou de morte.
Pedro Taques
O senador eleito Pedro Taques não foi localizado pela reportagem para falar sobre a "guerra" pelas suplências em seu grupo político. Ele não atendeu às ligações para seu celular e nem retornou os pedidos de contatos.