Sob Silval, classe política volta ao poder e poda “efeito empresário”

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A reeleição do governador Silval Barbosa (PMDB) representa uma vitória da classe política, mesmo daquelas lideranças que, nas eleições gerais deste ano, estiveram na oposição, como o senador Jayme Campos, cacique político do DEM (ex-PFL). Os políticos, sob o peemedebista, voltam a ser representados num cenário, que tinha se transfomado em campo aberto para avanço do segmento empresarial.

   Blairo Maggi quebrou a tradição do Palácio Paiaguás de ser comandado por político. Dos anos 1980 para cá, o Estado esteve sob Frederico Campos, Júlio Campos, Carlos Bezerra, Jayme Campos e Dante de Oliveira. Em 2002, Maggi se apresentou com um discurso forte e inovador. Propagava ser empresário de sucesso, disposto a impor um novo jeito e estilo de fazer política, com transparência, honestidade, sem amarras políticas e com muita vontade para trabalhar. Tentou o tempo todo se desvincular dos políticos tradicionais, embora tivesse sido primeiro-suplente do senador já falecido Jonas Pinheiro, inclusive ocupado cadeira no Senado por quatro meses, em 1999. A administração Maggi deu tão certa que acabou reeleito em 2006, também no primeiro turno.

   A partir daí, criou-se espectativa de que a classe política dificilmente voltaria a comandar administrativamente o Estado mato-grossense, que tem o agronegócio como principal locomotiva do seu desenvolvimento. Alguns líderes unificaram o discurso no sentido de contrapor um grupo de empresários, que se diziam honestos e, de forma preconceituosa, rotulavam os políticos como desonestos e responsáveis por escândalos na vida pública.

    Todos iguais

    O problema é que a gestão Maggi, principalmente no último mandato, se mostrou igual aos demais antecessores. Surgiram denúncias de esquema de corrupção em vários setores do governo, como no Meio Ambiente, na Infraestrutura, na Educação e na Saúde. O escândalo que explodiu no última semana da administração, por causa do superfaturamento de mais de R$ 20 milhões em compra de máquinas pesadas, se tornou o terceiro maior da história do Estado. Perde somente para o Caso Cooperlucas, intrigrante calote superior a R$ 200 milhões aplicado pela Cooperativa Agrícola de Lucas do Rio Verde (Cooperlucas) junto ao Banco do Brasil nas operações de Empréstimo (EGF) e de Aquisição (AGF) do governo federal que aconteceu há 13 anos, e o esquema de corrupção na Assembleia Legislativa no início dos anos 2000 que superam a R$ 100 milhões.

    Mauro Mendes, segundo colocado nas urnas, seria o perfil empresarial que viria dar continuidade ao estilo Maggi de governador. Acabou ganhando, porém, um político que era vice do então governador. Assim, a classe política, depois de oito anos, volta a conduzir o Paiaguás com a certeza de que todos, na vida pública, são praticamente farinha do mesmo saco.

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