usaram camisinha na primeira relação sexual
De acordo com o levantamento, 53,9% dos jovens gays ou que fazem sexo com outros homens usaram camisinha na primeira relação sexual, enquanto a média para os homens em geral é de 62,3%. Levando em conta as relações nos últimos 12 meses com parceiros fixos, 29,3% dos jovens gays usaram camisinha – para os homens nessa faixa etária em geral, o índice é de 34,6%.
O estudo, feita em dez cidades brasileiras com 3.610 homens, também mostrou que os gays têm vida sexual mais ativa que a população geral, mas usam a mesma quantidade de preservativos que os heterossexuais. Os dados indicam que 56,6% dos gays usaram camisinha em sua última relação sexual casual. O número é praticamente igual aos homens em geral (56,9%).
Esse dado preocupa os pesquisadores, diz Mariângela Simão, diretora do Departamento DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Para ela, o uso de preservativo deveria ser maior entre os gays.
– Os gays têm um maior número de parceiros casuais. Se você casa a vida sexual mais ativa e o uso de preservativo, que não é diferente do uso na população em geral, aí nós temos problema. É porque o vírus está circulando mais nesses grupos [gays e homens que fazem sexo com outros homens].
A pesquisa, apresentada durante o 8º Congresso Brasileiro de Prevenção das DSTs e Aids, que acontece em Brasília, chama a atenção também para a frequência maior com que os gays realizam testes de Aids. No último ano, 23,5% deles fizeram esse exame, contra 11,2% dos homens em geral. A diretora explica que os gays têm maior percepção de risco, por isso fazem mais exames. Essa alta procura, no entanto, pode esconder um problema.
– Eles tratam a testagem como se fosse prevenção. Quem se testa de rotina é porque não está usando preservativo.
Entre as medidas de combate à Aids, o estudo alertou para a necessidade de facilitar o acesso aos aos meios de prevenção, como o preservativo, em locais não usuais como boates e saunas, e não apenas nos postos de saúde.
Homofobia
Segundo a pesquisa, o combate à homofobia é fundamental para diminuir a vulnerabilidade desse público em relação à Aids. Toni Reis, presidente da AGBLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), diz que "a homofobia causa Aids".
O estudo apontou para a maior escolaridade dos gays. Eles têm, de acordo com a pesquisa, maior poder aquisitivo e acessam mais o serviço público de saúde do que homens em geral. Daqueles que responderam ao levantamento, 52,2% possuem 11 anos ou mais de escolaridade, enquanto nos homens em geral, esse número é de 25,4%.