O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central aumentou o juro básico da economia, a Selic, de 8,75% para 9,50% ao ano. Essa é a primeira alta em um ano e sete meses. A última vez que o comitê elevou a taxa foi em setembro de 2008, quando passou de 13% para 13,75% ao ano.
O juro mais alto deve deixar os empréstimos para empresas e consumidores mais caros, freando o consumo da sociedade. Além disso, pode levar os bancos a subir as tarifas cobradas dos clientes.
A decisão, que acaba de ser anunciada, porém, não causa surpresa. Em razão do avanço da inflação, grande parte do mercado já esperava o aumento dos juros. A dúvida era qual seria a intensidade dessa alta.
Em nota divulgada ao final da reunião, o BC informa que "dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias ao cenário prospectivo da economia, para assegurar a convergência da inflação à trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 9,50% ao ano".
O último ajuste na taxa foi feito em julho do ano passado, quando caiu de 9,25% para 8,75% ao ano – o menor patamar da história.
Na terça-feira (27), o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o BC não precisa “provar mais nada a ninguém” e que as decisões de política monetária são técnicas.
A meta de inflação do governo para 2010 é de 4,5%, podendo oscilar dois pontos para cima ou para baixo. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e usado como referência para o cumprimento das metas do governo, acumula, só nos primeiros três meses deste ano, inflação de 2,06% – bem acima do 1,23% de igual período de 2009. Em todo o ano passado, o IPCA ficou em 4,31%, abaixo do centro da meta do governo – que também era de 4,5%.
O ciclo de cortes da Selic teve início em janeiro de 2009, quando a taxa passou de 13,75% para 12,75% ao ano, e foi até julho, chegando a 8,75%. Depois disso, o Copom optou pela manutenção dos juros até a reunião de março deste ano.
O Copom se reúne a cada 45 dias e terá sua próxima reunião nos dias 8 e 9 de junho.
Entenda o que é a Selic
O juro é um instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Se os preços estão subindo, e há o risco de saírem do controle, o órgão eleva o juro. O objetivo com o aumento da taxa é diminuir o total de dinheiro no mercado e reduzir o consumo das pessoas por produtos e serviços. Ou seja, se as pessoas consomem menos, a tendência é que os preços parem de subir ou subam pouco. Essa é a parte boa.
Entretanto, há outro efeito direito no bolso do consumir, esse não tão agradável. Com o aumento da Selic, a tendência é que os bancos aumentem os juros de empréstimos pessoais, do cheque especial e de outros tipos de financiamento, o que diminui a demanda por crédito no mercado e, consequentemente, faz as pessoas comprarem menos.
Já quando a ideia é estimular o consumo, aquecer a economia, uma alternativa é baixar a Selic, o que fará com que os bancos reduzam também as taxas cobradas dos clientes e estimulará a população a consumir mais, a gastar mais dinheiro.