Mentir em economia tem, da parte de quem mente, duas finalidades básicas: garantir um lucro fácil e imediato ou evitar um prejuízo. Falsificar balanços, “cozinhar” ou “maquiar” livros contábeis ou usar uma linguagem propositalmente vaga para deixar investidores na incerteza são práticas que visam ganhos de curto prazo. O problema é que tudo isso caminha perigosamente perto do crime.
É o caso, por exemplo, da companhia americana Enron, que nos anos 90 esteve entre as maiores e mais admiradas dos Estados Unidos: a empresa adotava uma prática contábil em que registrava como lucro certo para um determinado ano ou trimestre apenas projeções de seus executivos. O governo americano, após investigação, entendeu essa prática como o que de fato era: uma fraude.
Fraude também foi o que fez o financista americano Bernard Madoff: ele criou um esquema de “pirâmide financeira”, no qual os lucros de quem já estava dentro só se sustentavam se mais pessoas – e mais dinheiro – entrassem na ciranda. Mesmo sendo apresentado como um esquema legítimo e aparentemente um bom negócio, a crise financeira global interrompeu a entrada de novos investidores.
O esquema então ruiu. O saldo: um prejuízo de mais de US$ 80 bilhões, fortunas evaporaram e diversas pessoas ficaram arruinadas.
Benjamin Disraeli, político britânico do século 19, disse certa vez: “Há três tipos de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas”. A frase, na verdade, é atribuída a ele, mas seja ele o autor ou não, a sensação de que quem joga números, porcentagens e matemática na nossa cara quer mesmo é nos enganar é, por vezes, muito forte.
A matemática oferece hoje instrumentos extremamente sofisticados e complexos para a ciência da economia, e é muito difícil encontrar alguém que não seja economista formado atualmente que consiga entender esse novo latim. E, no espaço entre a complexidade da economia atual e a compreensão do cidadão comum, surge a oportunidade para mentiras que podem trazer lucros recorde ou prejuízos históricos.