Cirurgia para reduzir orelha de abano pode melhorar autoestima na infância

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A professora de inglês Marília Aronchi Cruz, de 22 anos, passou toda a infância e adolescência sem prender o cabelo em público porque tinha vergonha de suas orelhinhas de abano. Agora, no fim de janeiro, fez uma cirurgia estética para "corrigir o problema", como outras 23 mil pessoas que procuram a otoplastia a cada ano no Brasil, segundo dados da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).

De acordo com especialistas ouvidos , a questão da orelha de abano, aparentemente simples, pode se transformar em um pesadelo psicológico por conta de discriminação de colegas nas escolas. Marília não teve muita dor de cabeça por causa disso, mas lembra de ter passado nervoso em algumas ocasiões.

– Nunca deixei de fazer nada por causa da orelha de abano. Mas sempre prendi o cabelo porque achava feio. Na escola, os meninos tiravam sarro e eu ficava pensando que não iria prender o cabelo no dia do meu casamento. Às vezes, ficava com raiva e até cheguei a procurar a diretora. Mas nunca operei, até uma aluna aparecer na escola de inglês e me dar o telefone de um médico As cirurgias para redução de orelha de abano representam 5% do total de operações estéticas feitas no Brasil anualmente. Mas o número de interessados na reparação tem crescido nos últimos anos, especialmente entre crianças, indica o secretário geral da SBCP, José Teixeira Gama:

– A otoplastia é mais frequente na infância porque os pais têm medo de que as crianças sofram discriminação por causa da orelha durante a idade escolar. Algumas pessoas chegam até a tentar resolver o "problema" de maneira improvisada. Pessoas menos esclarecidas chegam até a tentar colar a orelha na cabeça. Isso resulta em complicações maiores e pode fazer mal à pele, por exemplo. A cirurgia é de ordem estética, mas influencia a parte psicológica.

Fábio Xerfan Nahas, cirurgião plástico da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) concorda e até lembra de um caso que ocorreu com o funcionário de seu centro cirúrgico:

– Percebemos que muitas pessoas têm trauma de infância por causa disso. Um rapaz que trabalhava perto de mim fez a cirurgia e sumiu por um tempo. Depois, descobri que ele só trabalhava lá porque podia usar gorro.

Nahas explica que a cirurgia, em geral feita quando a inclinação da orelha tem mais de 30 graus em relação à cabeça, tem se tornado comum entre crianças com idade entre 6 e 8 anos. Mas também é comum, segundo o médico, mulheres na faixa dos 20 anos procurarem a operação porque estão próximas de casar.

Marília pensou nisso antes de ir para a sala de cirurgia e agora recomenda o procedimento, apesar do sacrifício pelo qual teve de passar durante a primeira semana após a operação:

– A anestesia doeu bastante. Mas depois não senti mais nada. Já em casa, a faixa que você tem que usar por alguns dias incomoda. Minhas orelhas ficaram muito inchadas nos primeiros quatro dias e tomei remédio para dor por dez dias. Depois voltou ao normal. A primeira semana é desconfortável, mas depois vale a pena, aumenta sua autoestima. Minhas orelhas estão lindas.

Apesar de simples, a otoplastia não pode ser feita em qualquer lugar. É recomendável procurar especialistas no assunto e fazer a cirurgia em ambiente hospitalar ou clínico, explica Gama:

– O local tem de oferecer muita segurança para o paciente. Só é difícil de precisar o orçamento para uma cirurgia dessa, pois não existe tabela fixa para cobrança. Geralmente, o investimento varia de R$ 6 mil a R$ 9 mil.

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