A Alemanha começa neste sábado (26/02) a adotar o imunizante contra o novo coronavírus Nuvaxovid. Em alguns estados como Hamburgo e o Sarre, as vacinações já se iniciaram.
Há vários dias já eram longas as filas de espera para a vacina produzida pela empresa americana Novavax. O interesse é grande, porque ela é à base de proteínas, diferenciando-se das demais disponíveis na União Europeia (UE) – que se baseiam em RNA-mensageiro (Pfizer-BioNTech e Moderna) ou na tecnologia de vetor viral (AstraZeneca e Johnson&Johnson).
No fim de 2021, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) aprovou a Nuvaxovid como quinto imunizante contra a covid-19 em circulação na UE. A Alemanha encomendou um total de 34 milhões de doses do laboratório, e os primeiros 1,4 milhão de doses já devem estar disponíveis à população.
Vacinas baseadas em proteínas podem ser uma verdadeira alternativa para os céticos da vacinação anticovid, uma vez que a tecnologia já é usada há décadas contra doenças como poliomielite, tétano, hepatite B e gripe. O imunizante também mostrou oferecer alta proteção contra o novo coronavírus e causar menos efeitos colaterais do que outros fármacos já aprovados.
Acima de tudo, porém, vacinas de proteínas são urgentemente necessárias para as campanhas de vacinação mundo afora, num momento em que, em países de baixa renda, apenas uma fração da população está vacinada. A contribuição desses imunizantes pode ser grande para uma campanha global, já que eles custam menos para ser produzidos e podem ser transportados e armazenados mais facilmente do que as complexas vacinas de mRNA.
“Muitas de nossas primeiras doses irão para países de baixa e média renda e que têm sido o objetivo desde o princípio”, afirmou Stanley Erck, presidente da Novavax, ao solicitar uma aprovação de emergência à EMA em 2021. Em tese, vacinas baseadas em proteínas podem também ser produzidas em países em desenvolvimento, se as farmacêuticas responsáveis liberarem a patente.
Como funcionam as vacinas de proteínas?
Vacinas anticovid baseadas em proteínas contêm pequenas partículas do vírus Sars-Cov-2, especificamente as que compõem a chamada proteína spike, espécie de porta molecular que o coronavírus usa para entrar nas células. O sistema imunológico reage a essas proteínas contidas na vacina, e a reação imunológica é muito mais rápida porque o organismo – diferente do que ocorre com outras vacinas – não precisa produzir primeiro as proteínas spike.
Como as nanopartículas produzidas pelo corpo não contêm nenhum material genético – como as vacinas de mRNA –, imunizantes de proteínas também têm menor probabilidade de causar efeitos colaterais. Contudo a resposta à vacina é também mais fraca.
A fim de aumentar a resposta aos imunizantes, são adicionados às vacinas os assim chamados adjuvantes. Com a Novavax, o adjuvante consiste em nanopartículas de saponina e fosfolipídios.
Opositores das vacinas alegam que alguns adjuvantes, como sais de alumínio, são prejudiciais à saúde. Contudo, nenhuma ligação com efeitos colaterais sérios ou alergias foi constatada nos estudos realizados.
Desenvolvimento duradouro
Antes de as vacinas de mRNA celebrarem seu sucesso em meio à pandemia de covid-19, imunizantes à base de proteínas já eram considerados uma tecnologia particularmente pioneira e amadurecida, afirma Carlos Alberto Guzmán, chefe do Departamento de Vacinologia e Microbiologia Aplicada do Centro Helmholtz, na Alemanha