BRASÍLIA – O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, foi efetivado no cargo e tomará posse na próxima quarta-feira, 16. O presidente Jair Bolsonaro convenceu Pazuello a permanecer como titular da pasta, que assumiu em 16 de maio, no auge da crise do novo coronavírus.
Naquele mês, a Saúde publicou orientações para uso da cloroquina desde os primeiros sintomas de covid-19, mesmo sem a droga apresentar eficácia contra a doença. A medida era uma exigência de Bolsonaro e atropelou recomendações dos próprios técnicos do ministério e de entidades de saúde.
Pazuello chegou à Esplanada para ser o braço direito de Nelson Teich, que comandava a Saúde e ficou à frente da pasta menos de um mês. Antes de Teich, o ministério estava nas mãos de Luiz Henrique Mandetta, que divergiu de Bolsonaro sobre a condução da crise para enfrentar o coronavírus.
O Ministério da Saúde também deixou de defender benefícios do distanciamento social e traçar estratégias sobre quarentena. A pasta usa como escudo o argumento de que o Supremo Tribunal Federal (STF) retirou este poder da União. Pazuello e seus subordinados têm dito que cabe a Estados e municípios pensarem nestas medidas.
Pazuello tem bom trânsito no meio político, mas dispensa declarações à imprensa. Desde que assumiu o comando da Saúde, não esteve em nenhuma entrevista coletiva – sequer naquela que anunciou a maior pauta positiva de sua gestão: uma parceria para pesquisa e produção da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca.
Apesar da pressão para que militares passem para a reserva ao assumir postos de comando no governo, Pazuello disse a auxiliares que deve permanecer na ativa pelo tempo que for preciso. A ida para a reserva seria uma forma de não quebrar a hierarquia militar, já que ele é general de três estrelas. Como ministro, ficaria acima de militares de quatro estrelas.
Pazuello também tem afirmado que, na prática, nada será alterado, pois já estava há 122 dias como interino no cargo. “Nada muda”, afirmou o general a colegas, ao prometer que não mexerá em sua equipe.
No Ministério da Saúde já havia a expectativa de que o presidente Jair Bolsonaro tomaria essa decisão. O general e seus auxiliares trabalham há meses em ações para o período pós-pandemia do coronavírus.
A ideia é apresentar mais de 20 ações para o futuro. Os temas são abrangentes, como informatização do SUS, fortalecimento das superintendências estaduais e produção nacional de insumos usados na formulação de medicamentos. Na prática, a crise escancarou a dependência brasileira por estes produtos.
Pazuello considera que a “curva” da pandemia no País estará em forte baixa no fim deste mês, segundo seus auxiliares.