Um dos trabalhos desenvolvidos nas delegacias especializadas foi o alerta criado para monitoramento de casos reiterados de violência
Assessoria | PJC-MT
A interiorização da violência é outro fator de preocupação dos órgãos de enfrentamento à violência doméstica, que tem sua causa primária em muitos casos de feminicídios. O assassinato de mulheres por questões de gênero ou feminicídio íntimo, como é classificado, é o último grau da violência ocorrida dentro de casa.
O problema vem sendo amplamente debatido pelos integrantes da Câmara Temática de Combate à Violência Doméstica, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), em busca de mecanismos para redução dos índices no Estado. No primeiro semestre deste ano foram registradas 44 mortes de mulheres, sendo até o momento, 21 casos enquadrados na lei do feminicídio (13.104/15), cometido por pessoas com vínculo conjugal, motivado por razões ou desigualdade de gênero.
“Um dos grandes desafios nosso é a diminuição do índice de feminicídio íntimo, que é esse praticado no interior das residências, do lar. Para nós é um grande desafio buscar a implementação de estrutura de atendimento, não só nas capitais, nos municípios com maiores índices de habitantes, mas que tenhamos em todas as regionais, uma estrutura que venha fomentar maior estrutura de atendimento, para que a vítima tenha um lugar que ela possa sentir-se acolhida”, afirma a delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, que preside a Câmara Temática.
Para o delegado Cláudio Álvares Sant’ana, titular da Delegacia Especializada da Mulher de Várzea Grande, é possível prever as mortes ocorridas nos lares, na medida em que os agentes de segurança possam dar tratamento especial aos casos reiterados de violência, e tomem providências para evitá-los. Na Delegacia de Várzea Grande foi criado um “alerta” nos inquéritos policiais, para os casos de iminente risco. O alerta é uma etiqueta vermelha para o qual o caso passa a ser prioridade na tomada de providências rápidas. “Tem dois boletins, já ligamos o alerta nesses casos”, explica o delegado.
Além do alerta, o delegado vem conversando com agressores no projeto implantado por ele, denominado “Papo de Homem para Homem”. Por meio de palestras voltadas ao público masculino, a proposta visa orientar os homens sobre os dispositivos da lei e conscientizá-los para que possam entender padrões de condutas machistas que levam à violência contra suas parceiras.
“O homem sabe que não pode bater e não pode matar. Mas xingar, ameaçar, ele não vê gravidade. Mas o feminicídio começa com o pequeno ato. Então, se eu trato do pequeno eu vou evitar o ciclo maior. Quebro no começo o ciclo da violência com o homem”, disse.