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Atualizada às 12h24, às 13h45 e às 14h34 e corrigida às 14h04 – A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (1) a Operação Prenda-me Se For Capaz, com o objetivo de coibir a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional. Foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, um mandado de busca e apreensão e uma quebra do sigilo bancário na cidade de Barra do Garças (509 km a Leste de Cuiabá).
Conforme a imprensa local, o alvo da prisão preventiva é o ex-gerente-geral do Sicoob, Antônio Paulo Cabral, que foi preso em Jataí (GO). Relatos dão conta de que o executivo estaria “sumido” de Barra do Garças há cerca de 2 anos, período compatível com uma penalidade que ele sofreu administrativamente no âmbito do Sicoob.
Ele teria cometido fraudes em contas de vários cooperados, inclusive do ex-prefeito da cidade Wanderlei Faria (PR), que cobra cerca de R$ 90 mil em uma ação judicial.
Semana 7 |
Conforme apurado, “Cabral”, como é conhecido na cidade, está afastado da cooperativa desde novembro de 2016. Foi a própria cooperativa que denunciou o caso à Polícia, para que fraudes e roubos aos valores dos clientes fossem investigados.
Por meio de nota, o Sicoob informou que está disposição da Justiça para colaborar no que for necessário para solucionar o caso.
Segundo a assessoria, o atendimento aos cooperados está sendo realizado normalmente nos horários habituais, no entanto, o Gazeta Digital apurou que os agentes da Polícia Federal somente deixaram o local por volta do meio-dia.
Operação da PF
A investigação teve início em fevereiro de 2017 para apurar a prática de gestão fraudulenta e apropriação indébita no âmbito de um banco situado em Barra do Garças. Denúncias apontaram inúmeras fraudes na gestão da cooperativa por seu gerente geral, o qual foi preso preventivamente no dia de hoje por ser o suposto autor do delito.
Em síntese, as fraudes consistiam em utilização de artifícios destinados a manter em erro os cooperados e, dessa forma, obter vantagem ilícita de natureza patrimonial. Estima-se um desvio de R$ 2 a 4 milhões com a prática das seguintes condutas. Saques em contas dos cooperados sem as respectivas autorizações, empréstimos simulados e adiantamento de créditos a depositante em valores elevados, não fornecimento de informes financeiros de Imposto de Renda, liberação indevida de cheques, descontos não autorizados de Notas Promissórias Rurais, saques através de cheques supostamente falsificados.
O nome da operação é uma referência ao filme “Prenda-me Se For Capaz”, cujas atitudes do personagem principal (Leonardo di Caprio) em muito se assemelham ao investigado real. No filme, o ator interpreta um homem conhecido pelas suas artimanhas contra o sistema bancário e que por diversas vezes consegue driblar a polícia, estando sempre foragido. Porém, no fim da trama, o criminoso é capturado e preso, tal qual o principal investigado pela PF de Barra do Garças.
Outros casos
Além do caso de Antônio Paulo Cabral, outro ex-gerente do Sicoob no interior do estado já foi alvo de processos por cometimento de fraudes foi o executivo Ernando Cabral Machado, que foi impedido de assumir cargos de direção na cooperativa de crédito, onde chegou a exercer o cargo de presidente executivo.
Concomitantemente, ele também foi eleito para o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração. Mas o regulamento impedia o exercício de ambos os cargos ao mesmo tempo.
As condenações foram impostas em função de infração grave ocorrida durante a administração de Ernando. Em 2014, ele entrou com recurso junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) pare reverter a pena, o que contou com parecer negativo do Ministério Público Federal (MPF). O executivo deixou o processo correr sem mais se manifestar nos autos, que foram arquivados no ano passado.
Mais recentemente, a operação Convescote, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) no ano passado, apontou a participação de funcionárias do Sicoob no esquema de desvio de recursos públicos pagos à Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe).
Jocilene Rodrigues de Assunção, ex-diretora da Faespe e também gerente e membro do Conselho Administrativo da Cooperativa de Crédito Mútuo dos Servidores Públicos dos Poderes Executivo e Legislativo do Estado de Mato Grosso (Sicoob), seria, juntamente com o marido, o ex-secretário de Administração do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), líder do esquema criminoso, que lavava dinheiro por meio de empresas fantasmas que abriam contas no Sicoob para movimentar valores recebidos em contratos de serviços que não eram prestados em parte ou na integralidade.
Além dela, réus e delatores afirmaram ter sido extorquidos pela funcionária Elizabeth Aparecida Ugolini, que teria cobrado propina em troca da autorização para transações irregulares.
(Com informações da Assessoria da PF)