Kardec ignora proibição do PT e fica na CPI que investigará Taques

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Welington Sabino/GD


Marcos Lopes

Allan Kardec decide permanecer em CPI mesmo contra decisão da Executiva Estadual do PT

Contrariando a determinação da Executiva Estadual do PT, o deputado Allan Kardec decidiu permanecer como membro titular e subrelator da CPI dos Fundos instaurada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso para investigar o governador Pedro Taques (PSDB). O tucano foi acusado de promover suposto desvio de recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e do Fundo de Manutenção da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Após a nomeação de Kardec pelo presidente da Casa, Eduardo Botelho (PSB), para integrar a investigação, a direção do partido sob a presidência de Valdir Barranco, também deputado estadual, baixou uma resolução política proibindo a participação de seus representantes na CPI sob argumento de que a investigação não passa de um “grande conluio” para que o Legislativo passe a mão na cabeça do Executivo e permita que denúncias contra Taques classificadas por ele como “gravíssimas” acabem em pizza.

Por sua vez, Allan Kardec não concordou com a imposição do partido e sequer compareceu à coletiva de imprensa convocada pelo diretório estadual do PT para anunciar a decisão de proibir qualquer petista de integrar a CPI. Agora, em nota, o parlamentar explica sua decisão de ir contra o posicionamento da sigla petista.

“Como professor efetivo da rede pública estadual e cidadão no mandato de deputado, presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, permanecerei na CPI mesmo contra decisão da executiva estadual do PT de Mato Grosso, que desautorizou os parlamentares filiados de compor as investigações”, enfatiza Kardec ao dizer que houve, por parte do governador, “flagrante desvio do Fundeb no montante de R$ 230 milhões.

“A meu ver, permanecer na Comissão potencializa e muito as condições de investigar a grave denúncia de que recursos desses fundos teriam sido usados em outras atividades, o que não foi explicado por parte do governo desde as acusações feitas ao longo de 2017 e em especial no mês de Dezembro pela AMM (Associação Mato-grossense dos Municípios)”, justifica o deputado.

A CPI dos Fundos foi proposta pelo grupo de oposição composta por 5 deputados e recebeu 15 assinaturas sendo que 10 foram de deputados da base governista. No entanto, a composição também contemplou basicamente os parlamentares da base de apoio motivo pelo qual a deputada Janaina Riva (MDB), também da oposição, declinou de participar da investigação afirmando tratar-se de uma CPI “fictícia” criada para não investigar o governo e sim para “desperdiçar dinheiro público”.

Com a recusa de Janaina, Allan Kardec, até então nomeado como membro substituto foi nomeado no lugar dela para ser titular e subrelator da CPI. Ele não concorda com as críticas tanto de Janaina quanto do PT de que a investigação é um conluio que terminará em pizza.

Kardec já sinalizou que se não concordar com o relatório a ser apresentado, poderá apresentar um relatório paralelo.

“Não podemos desistir antes mesmo de lutar, até porque fui um dos responsáveis pela articulação que levou à criação da CPI. Não poderia recuar agora com o frágil argumento de que a Comissão será comandada pela base aliada ao governo. Nunca tive a ilusão de que a oposição seria maioria e que teria facilidade de investigar fato tão grave, que pode até, se comprovado, levar ao impeachment do governador por crime de responsabilidade”, diz o deputado ao ressaltar que qualquer tentativa de manobra tem que ser denunciada, seja onde for.

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