O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, determinou nesta terça-feira a prisão preventiva da mulher do ex-governador Sérgio Cabral, a advogada Adriana Ancelmo. Ela é investigada na Operação Calicute, desdobramento da Operação Lava Jato que levou à prisão Cabral e aliados, e também foi denunciada pelo Ministério Público Federal. As investigações apontam que o grupo do peemedebista teria desviado 224 milhões de reais de contratos públicos do estado do Rio com empreiteiras como Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia e Delta, cujos executivos delataram o esquema.
Segundo a apuração da Operação Calicute, há evidências de que a ex-primeira dama recebeu dinheiro de operadores financeiros do ex-governador e teria usado seu escritório de advocacia, o Ancelmo Advogados, para lavar dinheiro de propina destinado ao marido. Ela foi alvo de condução coercitiva na Calicute, que também cumpriu mandado de busca e apreensão no Ancelmo Advogados.
Conforme revelou VEJA em agosto de 2013, concessionárias de serviços públicos contrataram a peso de ouro o escritório de “Riqueza”, apelido pelo qual Cabral chama a esposa. São os casos do Metrô Rio, que repassou 1,9 milhão de reais ao escritório, a CEG, que desembolsou 865.653 reais, a Oi/Telemar, que pagou 10,5 milhões de reais, e a Light, que fez pagamentos de 3,5 milhões de reais ao Ancelmo Advogados.
A receita escritório de Adriana chegou a 73,1 milhões de reais – um salto de 457% -, entre o início e o fim das duas gestões do peemedebista no estado, entre 2007 e 2014. O lucro declarado foi de 23,2 milhões de reais.
Os investigadores do MPF também acreditam que Sérgio Cabral lavou parte dos 220 milhões de reais desviados de contratos públicos de sua administração com a compra de joias. O ex-governador era cliente assíduo de três das joalherias mais badaladas do Rio: H. Stern, Antônio Bernardo e Sara Joias.