GD
P |
O especialista em psicologia jurídica criminal Handersenn Shouzo Abe, que há 7 anos estuda “mentes criminosas” e já atuou em casos de grande repercussão, afirma que os piores psicopatas do Brasil, seja em Mato Grosso ou no resto do país, estão na política.
Em ano eleitoral, é preciso verificar este aspecto.
“O principal traço da psicopatia é que a pessoa com este transtorno psíquico traça um plano e não se preocupa com as outras. Não dá valor à vida, nem de pessoa e nem de animal. E é isso que vemos na rotina da política, quer dizer, um parlamentar que rouba dinheiro público não quer saber se há pacientes morrendo nas filas da saúde, por exemplo, isso é psicopatia”, detalha o especialista.
Shouzo, que atua em Goiás, está em Cuiabá para o 3º Congresso de Psicologia do Cerrado (Conpcer). O evento, realizado pelo Conselho Regional de Psicologia (CRP), reúne cerca de 1.600 profissionais e estudantes da área, desde esta quinta-feira (7) até o próximo sábado (9).
Ele fez uma palestra sobre “mentes criminosas” para orientar a classe sobre como fazer uma perícia psicológica e diagnosticar um psicopata.
Ilustrações: Dejamil![]() |
Ao contrário do que muitos pensam, segundo Shouzo o psicopata pode ser um assassino ou cometer muitas outras transgressões, como roubar dinheiro público de forma contumaz ou “passar por cima de tudo” para se destacar no trabalho, assediando moralmente por exemplo os colegas, lembrando que assédio moral é crime.
O especialista diz que normalmente os psicopatas cometem crimes, podendo ser mais leves ou até hediondos, mas nem sempre vão presos. E quando são presos, nem sempre são corretamente diagnosticados.
A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), responsável pelo sistema prisional em Mato Grosso, diz que não há um levantamento confiável sobre o número de psicopatas que cumprem pena no Estado.
O juiz da Segunda Vara Criminal de Cuiabá, que é a vara de execuções penais da capital e interior, Geraldo Fidelis, reforça que realmente não há este levantamento. Ele comenta que há 24 detentos na Penitenciária Central do Estado (PCE) com problemas mentais e duas mulheres no Presídio Ana Maria do Couto May, mas não se sabe se têm doenças ou transtornos psiquiátricos. A PCE e o presídio feminino são, para cada gênero, os maiores de Mato Grosso.
Para Shouzo, esta falta de diagnóstico é um problema grave e mostra a forma como o sistema prisional lida com esta questão. “Coloca todo mundo misturado”.
Quanto ao que determina a formação de uma mente psicopata, ele destaca que há duas correntes de pensamento. Uma que acredita vir de berço e outra das influências da vida.
“Eu acredito que o ambiente em que a pessoa cresce – a família, o bairro, a igreja, a escola, etc – e a personalidade dela, juntos, são determinantes”, opina o especialista.