‘Culpa dos ataques é do governador’, afirma especialista

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Chico Ferreira

Naldson Ramos da Costa acha que faltou habilidade ao governador

“A culpa dos últimos ataques violentos é do governador do Estado”, afirma Naldson Ramos da Costa, estudioso da segurança pública e coordenador do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e da Cidadania (NIEVCi), da Universidade Federal de Mato Grosso.

Muitos fatores contribuíram para as últimas rebeliões dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE) e para os ataques urbanos promovidos, ao que tudo indica, por presos, no final de semana: superlotação, não cumprimento da Lei de Execução Penal, más condições de saúde dos reeducandos.

Entretanto, o estopim foi a suspensão das visitas devido à greve dos agentes penitenciários. “A culpa não é dos servidores, mas sim do governo. Pedro Taques não teve habilidade para negociar o pagamento da Revisão Geral Anual. Causou tudo isso”, afirma o professor.

Ainda atribui ao Estado a responsabilidade em deixar entrar na penitenciária instrumentos que os presos usam a favor deles. “Deixar entrar celulares, drogas e armas é responsabilidade do governo. Existem equipamentos para bloqueio de chamadas de telefones, scanners. Juízes podem autorizar escutas dentro do sistema. Mas, nada disso é feito. Acaba promovendo uma organização interna que dá ordem para quem está aqui fora, como fizeram”, explana Naldson.

Mato Grosso nunca viveu momentos de tensão como neste fim de semana, de ataques a ônibus e viaturas policiais. “Rebeliões já existiram várias, mas ataques violentos como esses aqui no Estado, em especial na capital, eu não me lembro”, complementa o coordenador do NIEVCi.

Por outro lado, ele não se surpreende com o acontecido. “Não é nenhuma novidade. O sistema prisional é desumano e cruel. É preciso mais atenção do Estado à população carcerária e cumprir de fato a Lei de Execução Penal. Além disso, o trabalho de inteligência das forças da segurança pública para saber e prevenir precisa ser mais eficaz”, finaliza.

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