A Gazeta
Os escrivães e investigadores da Polícia Civil já aprovaram paralisação por tempo indeterminado a partir do dia 1º de junho, caso o governador Pedro Taques não pague a Revisão Geral Anual (RGA). A greve também foi aprovada pelos servidores penitenciários do Estado e começará ainda este mês, no dia 30.
Demais sindicatos e associações da segurança pública de Mato Grosso mostraram apoio à luta e também analisam possível adesão à paralisação, após a realização de assembleias, que estão marcadas para os próximos dias.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Polícia Civil de Mato Grosso (Siagespoc), Cleidison Gonçalves, o anúncio do corte da recomposição salarial feito pelo governo do Estado teve o mesmo efeito que “jogar gasolina na fogueira”, fazendo com que os manifestantes amadurecessem ainda mais a proposta de greve geral.
Gonçalves lembra que a RGA é um direito constitucional do funcionário público e que a classe não abrirá mão. “Estamos todos dispostos a lutar por nossos direitos e vamos seguir assim até as últimas alternativas. Sabemos que a segurança pública é um dos principais gargalos na gestão de um estado brasileiro, mesmo todos os servidores trabalhando arduamente. Imagina o serviço paralisado, no mínimo será um caos total”.
Porém, Gonçalves ressalta que mesmo em busca de seus direitos, a categoria o quer fazer sem prejudicar a sociedade, que em nada tem culpa das ações impensadas do Governo do Estado.
O sindicalista pontua que qualquer proposta do governador Pedro Taques, que não seja a de conceder a RGA, só fará estimular os ânimos grevistas dos manifestantes. “Estão nos desafiando e se é assim, vamos mostrar a força que temos quando unidos em prol de um mesmo propósito. Daremos uma amostra disso nos dias 24 e 25, quando paralisaremos totalmente os serviços”.
Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Mato Grosso (Sindepo), Wagner Bassi Junior informou que a categoria está extremamente insatisfeita com a postura da atual gestão e mesmo sabendo o impacto negativo da deflagração de greve, os delegados não descartam a ação. “No dia 24 a categoria aproveitará a paralisação para já discutir a greve. Faremos uma assembleia e caso aprovada a paralisação geral, serão 278 delegados cruzando os braços”.
Bassi diz ainda que todo o segmento da segurança pública está unido, com o objetivo de que a paralisação seja um consenso entre todos os líderes sindicais e siga os trâmites legais.
Presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen), João Batista informou que a categoria aprovou por unanimidade a paralisação por tempo indeterminado a partir do dia 30. Na mesma data, também cruzarão os braços os profissionais do sistema socioeducativo do Estado.
Batista lembra que caso o governador Pedro Taques não realize o pagamento da Revisão Geral Anual (RGA), toda a segurança pública estará comprometida. “Estamos todos unidos e realizaremos uma ação que pode paralisar todas as delegacias e unidades prisionais do Estado”.
Segundo o sindicalista, só no sistema penitenciário serão cerca de três mil servidores de braços cruzados. “No sistema penitenciário, como o quadro já é defasado, não podemos tirar tantos servidores de seus postos, então a alternativa é suspender os serviços”.
Presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado de Mato Grosso (ACS), Adão Martins da Silva diz que apesar dos agentes militares serem impedidos por lei de aderir à greve, a categoria está dando total apoio aos demais servidores.
A Associação dos Sargentos, Subtenentes e Oficiais da PM e BM (Assoade) também mostrou apoio à greve geral na segurança pública. Segundo o presidente da associação, Luciano Esteves Correa Costa, os militares marcaram para a próxima segunda-feira (23) uma assembleia geral da categoria e apesar da lei proibir os militares de realizar greve, a insatisfação já começa a ganhar corpo nos quartéis.
Outro lado
O Governo do Estado de Mato Grosso informou que é um direito do servidor público estadual se manifestar e ressaltou que a decisão de não pagar a Revisão Geral Anual (RGA) no mês de maio é amparada em lei e que, caso consiga aumentar a arrecadação, a RGA será paga aos servidores públicos.
Segundo o Executivo Estadual a atual situação financeira estadual é delicada, porque nos últimos oito anos a despesa com pessoal cresceu mais do que a receita do Estado, provocando um descompasso nas contas públicas.
Esse descompasso fez com que o Estado extrapolasse os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal que, se for descumprida, resultará em perda de recursos e convênios do governo federal e não poderá contrair novos empréstimos para investimentos em diversas áreas.