Ney Matogrosso abre a Virada Cultural e ouve coros de ‘Fora, Temer’

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“A cidade é tanto do mendigo quanto do policial”, dizem os versos de Rua de Passagem, a canção com que Ney Matogrosso abriu a Virada Cultural no Palco Júlio Prestes, na região central de São Paulo, pontualmente às 18 h deste sábado, 21. “Todo mundo tem direito à vida, todo mundo tem direito igual”, cantou, numa roupa preta de látex e penas.

Meia hora depois, um grupo começou um coro de “fora, Temer!”. Ney olhou, deu uma risadinha e seguiu com a próxima canção: Freguês da Meia Noite, sua versão para o bolero de Criolo situado no centro de São Paulo.

“Tanta gente desprotegida nessa região, venho com o maior amor fazer esse show”, disse Ney em um momento. E a aguardada manifestação política ficou por aí – tirando uma faixa e alguns cartazes esparsos entre o público (“Temer jamais”). Um balde de água fria. 

O prefeito Fernando Haddad viu uma parte do show, ao lado da primeira dama Ana Estela Haddad, do secretário municipal da Educação, Gabriel Chalita, e do ex-secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki. Questionado sobre o anúncio da volta do Ministério da Cultura, ele disse ao Estado: “Foi ótimo, foi uma vitória, o governo está voltando atrás. Agora falta Ciência e Tecnologia”.

Bonduki também comemorou a decisão, mas fez ressalvas. “Acredito que a mobilização do setor deve continuar, porque não é só voltar o ministério, há que se garantir as políticas”, disse. Ele acredita que pode haver uma ênfase em ações “de mercado cultural em detrimento de ações de cidadania cultural”, e que as discussões sobre a democratização da Lei Rouanet podem arrefecer se não houver pressão do setor.

O músico não se manifestou sobre os gritos de 'Fora, Temer'© Fornecido por Estadão O músico não se manifestou sobre os gritos de ‘Fora, Temer’

Trânsito. A Alameda Dino Bueno, que cruza a Av. Duque de Caxias logo atrás do palco Júlio Prestes, não foi bloqueada pela CET, então o trânsito corria livre a alguns metros da multidão pouco antes do início do show. A 100 metros a oeste dali, mais do que uma centena de pessoas ocupava a Rua Helvetia, num dos pontos de concentração da “cracolândia”.

A Av. Duque de Caxias fica bloqueada para carros desde a Av. Rio Branco até a estação Júlio Prestes durante o evento, bem como diversas outras vias entre a Luz e a República.

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