Em tempos de zika vírus, saiba como usar o contraceptivo correto

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R7

Com a explosão de casos de microcefalia decorrentes do zika vírus no País, especialmente na região Nordeste, as entidades médicas sugerem que as mulheres adiem os planos de gravidez. O governo teme que com as festas de fim de ano a doença se espalhe e faça ainda mais vítimas. Até o momento, as notificações de casos suspeitos de microcefalia em bebês subiram de 1.761 para 2.401 em apenas uma semana — chegando a quase quatro registros por hora. Diante deste cenário, a melhor forma de afastar qualquer chance de um bebê “aparecer” repentinamente é eliminar todas as dúvidas sobre os métodos contraceptivos e apostar naquele que mais se adequa ao seu estilo de vida. Apesar de não existir nenhum anticoncepcional 100% eficaz, as opções disponíveis nas redes pública e privada do Brasil apresentam índices baixíssimos de falha e de efeitos colaterais, “desde que usados corretamente”, alertam os médicos ouvidos pelo R7.

Recentemente, o laboratório Bayer promoveu um encontro com 35 jornalistas de 15 países, incluindo o Brasil, em Turku, na Finlândia, para debater os avanços dos anticoncepcionais. A triste notícia é que, mesmo com opções capazes de atender diferentes perfis, a incidência de gravidez não planejada ainda é alta nos países em desenvolvimento, lamenta Lieven Hentschel, executivo da área de Saúde Feminina da Bayer.

— Infelizmente, ainda há algumas barreiras que impedem o uso dos contraceptivos, como mitos, religião, cultura, acesso limitado, baixa educação e medo de efeitos colaterais.

Está com medo do zika vírus e dificuldade para comprar repelente? Óleo mineral é alternativa

Uma pesquisa realizada este ano pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) em parceria com a Bayer revelou que 81% das brasileiras conhecem alguém que engravidou antes dos 16 anos.

No entanto, de acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de gravidez na adolescência (10 a 19 anos) caiu 26% no País nos últimos 13 anos. Mesmo assim, a pasta garante que “é preciso reduzir ainda mais”, por isso investe em políticas de educação em saúde e ações para o planejamento reprodutivo.

Desde a década de 60, com o surgimento da pílula, a mulher ganhou o poder de decidir quando quer ser mãe. Atualmente, ter a liberdade de planejar a gravidez é uma realidade para 660 milhões de mulheres adeptas dos contraceptivos no mundo. Se você não faz parte deste grupo, está na hora de eliminar todas as dúvidas e medos.

O segredo na hora de escolher qualquer método é sempre levar em consideração o histórico clínico e o estilo de vida da mulher, revela o ginecologista Sérgio dos Passos Ramos, membro da Sogesp (Associação Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo). Na opinião dele, a compra na farmácia deveria ser feita apenas com receita médica.

— Isso já acontece no SUS [Sistema Único de Saúde] e nos Estados Unidos, o que garante o uso muito mais seguro.

Enquanto isso não é uma realidade absoluta no Brasil, Ramos orienta que a escolha seja sempre feita em conjunto com o médico e que atendam as necessidades e preferências de cada mulher.

Pílula é a “queridinha” das mulheres

Se você acha que o pequeno comprimido é um tremendo vilão, engana-se. A pílula é o método mais procurado pelas brasileiras para prevenir gravidez, conforme dados do Ministério da Saúde. Entre 2011 e 2015, foram distribuídas 77,6 milhões de cartelas de pílula combinada e 12,1 milhões de minipílula.

Atualmente, as pílulas têm cerca de 20 vezes menos hormônios do que aquelas usadas antigamente, “que costumavam causar muitos efeitos colaterais e comumente eram deixadas de lado”, lembra Ramos. Para o especialista, a pílula traz mais benefícios do que riscos à saúde feminina, contrariando o grupo de ativistas que defende o uso de métodos não hormonais para evitar a chegada de um bebê indesejado.

— Engravidar após os 40 anos é muito mais arriscado do que tomar pílula.

Além de prevenir a gravidez, a pílula também “melhora a pele, a sexualidade, as cólicas, os sintomas da TPM [tensão pré-menstrual] e ainda causa menos inchaço”. O ginecologista e mastologista Afonso Nazário, presidente da Comissão Nacional de Mastologia da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obsterícia), concorda com o colega e acrescenta que o comprimido de baixa dosagem hormonal também reduz a incidência de alguns tipos de cânceres.

— Com o uso de um ano ou mais da pílula, o risco de a mulher desenvolver câncer de ovário cai pela metade assim como o câncer de endométrio. Vale ressaltar ainda que esses dois tipos de tumores não têm prevenção.

Em relação ao câncer de mama e de colo de útero, o médico alerta que “pode haver um aumento bem discreto na incidência da doença, mas só isso não é suficiente para qualquer contraindicação”.

Já sobre a trombose associada ao uso de pílula, os especialistas garantem que o problema é extremamente raro. Inclusive, Ramos ressalta que a incidência de trombose é cinco vezes maior com a gravidez.

— De 100 mil mulheres, quatro podem ter trombose por causa da pílula enquanto 20 vão apresentar o problema na gestação.

O médico da Febrasgo adverte que “o risco de a mulher morrer na gravidez, no parto ou no pós-parto por causa de trombose é muito maior do que o de tomar pílula diariamente”.

— Só contraindicamos o método para subgrupos específicos, como mulheres acima dos 40 anos e aquelas que fumam de um a dois maços de cigarro por dia.

Considerada um método eficiente na prevenção da gravidez, o índice de falha da pílula é de apenas 0,1%. Para driblar essa pequena porcentagem, o segredo é tomar o comprimido todos os dias, de preferência no mesmo horário, ensina Nazário.

— Em caso de esquecimento, não se deve deixar ultrapassar oito horas. Se isso acontecer, é válido manter a rotina do comprimido e incluir a camisinha na relação, que, aliás, nunca deveria ser deixada de lado.

Ramos acrescenta que misturar os métodos não traz mais proteção. Segundo ele, a pílula do dia seguinte pode inclusive interferir na ação do método usado diariamente.

— A pílula de emergência equivale a uma caixa de contraceptivo, então como o nome sugere deve ser usada com cautela. Lembrando que ela só vai funcionar para aquela relação sem proteção e não pelo mês inteiro.

DIU é o método mais eficaz

Depois da pílula, o método mais procurado pelas brasileiras é o DIU (Dispositivo Intrauterino), de acordo com o Ministério da Saúde. Atualmente, existem dois tipos de dispositivos: o hormonal, comercializado com o nome Mirena, e o não-hormonal, chamado DIU de cobre. A grande vantagem é que ambos não dependem da correta administração da mulher e garantem proteção no período de cinco a dez anos, dependendo do produto.

DIU de cobre X DIU hormonal. Descubra a diferença entre os dois métodos contraceptivos

O DIU é inserido dentro do útero pelo médico e, como atrofia o endométrio, traz o benefício de reduzir ou eliminar totalmente o fluxo menstrual, explica Nazário.

— A chance de falha dos dois métodos é extremamente baixa, sendo parecida com a da laqueadura e vasectomia, técnicas cirúrgicas definitivas. Dessa forma, o DIU está entre os métodos mais eficazes que existem atualmente.

Apesar de não haver nenhuma restrição ao uso, os médicos costumam indicá-lo com mais frequência para mulheres que já tiveram filhos, explica Nazário.

— É raro, mas o DIU pode causar infecção genital, o que leva à infertilidade. Mas, se a escolha da mulher for por esse método, não há qualquer contraindicação.

Injeção e outros métodos anticoncepcionais

Além das pílulas e do DIU, o SUS também oferece à população feminina injeções mensal e trimestral. Embora tenham o mesmo mecanismo de ação da pílula, esse método possui maior quantidade de hormônio. Exatamente por isso, pode causar efeitos colaterais desagradáveis, como desregular o ciclo menstrual, aumentar o peso, causar dor de cabeça, náuseas e até depressão.

Na opinião de Ramos, a injeção trimestral é mais indicada para as mulheres que não podem usar estrogênio, pois sua base é somente de progestágeno, “e também para as adolescentes com muitos parceiros, por garantir uma proteção mais longa”.

— Como a injeção trimestral pode causar infertilidade prolongada, ela é contraindicada para as mulheres que querem ter filhos nos próximos anos.

Já o anel vaginal, adesivo subcutâneo e o implante hormonal são opções disponíveis apenas na rede privada, não sendo tão utilizados no Brasil como os métodos citados anteriormente, alertam os especialistas.

Com baixa dosagem hormonal, o anel só precisa ser inserido uma vez ao mês e não interfere na relação sexual. A introdução e retirada são feitas pela própria mulher com o auxílio do dedo indicador, explica Ramos.

— O anel é discreto, mas é descartado para aquela paciente que não usa nem absorvente interno porque tem aflição de colocar o dedo a vagina.

Apesar de muito usado na Europa, o adesivo subcutâneo não é tão disseminado entre as brasileiras. Por viverem em um País tropical, as mulheres exibem mais o corpo e, como o adesivo é grande, elas optam por outras alternativas.

Enquanto o adesivo precisa ser trocado toda semana, o implante hormonal é inserido pelo médico no antebraço e dura três anos. Segundo os médicos, é uma boa opção, mas ainda com poucas adeptas.

Cuidado com o coito interrompido e o diafragma!

Levanta a mão quem nunca recorreu ao coito interrompido e a tabelinha? O ato de o homem pressentir a ejaculação e retirar o pênis da vagina para “gozar fora é um dos métodos mais antigos e também mais usados no Brasil para prevenir a gravidez”, lamenta Ramos. O grande problema é que são métodos considerados de baixíssima eficácia para prevenir gravidez.

O coito interrompido, além de nem sempre satisfazer a mulher, tem 20% de chance de falhar. Segundo Ramos, a principal causa do insucesso desse “método” é a falta de controle masculina.

Já o diafragma, que impede a entrada dos espermatozoides no útero, só é usado durante a relação sexual. Isso significa que a mulher deve colocá-lo dentro da vagina cerca de 30 minutos antes da relação e retirá-lo 12 horas após o ato sexual, explica Nazário.

— Entre optar pelo coito ou o diafragma é melhor usar camisinha, assim não é necessário programar a relação sexual e, de quebra, ainda evitamos as DST´s [Doenças Sexualmente Transmissíveis].

A grande vantagem do diafragma é que por se tratar de um procedimento de barreira e não hormonal, está livre de efeitos colaterais. Por outro lado, alerta o especialista da Febrasgo, tanto o diafragma como a camisinha apresentam uma chance de falha entre 8% a 20%. Dessa forma, em tempos de surto de zika vírus é melhor não arriscar, certo?

*A repórter viajou à Turku, na Finlândia, a convite do laboratório Bayer

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