Os médicos residentes do Hospital Universitário Júlio Müller e do Hospital de Câncer de Mato Grosso, em Cuiabá, entraram em greve por tempo indeterminado nesta sexta-feira (18).
A classe reivindica melhorias para os serviços de saúde do país e qualidade na formação. O movimento denuncia e cobra o fim das condições precárias de atendimento oferecidas aos pacientes, da escassez de medicamentos, equipamentos e insumos, da superlotação e da desvalorização da residência médica.
A greve nacional foi decidida pela Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), depois de uma reunião com os representantes de várias unidades federativas e diante dos resultados das assembleias locais e estaduais do país.
Durante a paralisação, a categoria promete manter apenas os atendimentos de urgência e emergência, funcionando com escala mínima de plantão. A orientação é que 30% do corpo clínico (médicos residentes) continuem trabalhando.
Integram a pauta do Movimento, cinco questões: Maior representatividade na Comissão Nacional de Residência Médica e Extinção da Câmara Recursal; Avaliação mais criteriosa sobre o ensino médico especializado; Levantamento de dados sobre a movimentação financeira do Programa; Correção inflacionária da Bolsa de Residência Médica; e Garantia de que o tempo paralisado não afetará o fim dos Programas de Residência.
A representante dos médicos residentes do Hospital Júlio Muller, Camila Martines Mello disse que uma das pautas mais importantes é a exigência pela qualidade na formação dos médicos residentes no país. “Reivindicamos, também, que haja valorização dos preceptores e do staff, que estão com a gente, porque eles detém todo o conhecimento técnico mas trabalham sem o respaldo devido”.
Para Camila, um dos maiores problemas está na abertura de diversos programas de residência pelo Governo Federal, deixando os programas antigos abandonados. “Queremos que haja a reavaliação, requalificação e melhorias dos programas antigos antes da abertura de novos programas”, pontua.
Segundo o superintendente do Hospital JúlioMuller, Francisco Souto, a unidade conta com 12 programas de residência médica e tem ao todo 102 profissionais. “Muitos destes médicos residentes não aderiram a paralisação e estão atendendo normalmente. Essa greve prejudica principalmente os usuários eletivos, que aguardam consultas, retornos, entre outros”.
Já no Hospital de Câncer de Mato Grosso, o programa conta com 4 especialidades e 17 médicos residentes e estão parados apenas os residentes de clínica médica.
O responsável pelos residentes do Hospital de Câncer, Diego Sampaio informou que a greve não compromete o atendimento no hospital. “Não devemos usar a mão de obra destes estudantes, porque eles estão aqui para se aperfeiçoar, isso é o que eles cobram a nível nacional”.
O MEC informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que vem discutindo com a ANMR propostas de reajuste e outras demandas. Em reuniões, comprometeu-se em possibilitar que as associações estaduais de médicos residentes acompanhem visitas de supervisão dos programas e em elaborar, em no máximo seis meses, uma resolução específica que garanta diretrizes operacionais para a preceptoria.
A nota afirma ainda que “o MEC manteve um amplo diálogo com os médicos residentes. Foram realizadas cinco reuniões. Apesar das restrições orçamentárias, foi oferecido um reajuste de 11,9%, a partir de março de 2016. Porém o MEC considerou inaceitável o pleito de equiparação da bolsa dos residentes a dos profissionais do Mais Médicos, visto que estes trabalham em regime de dedicação exclusiva e em regiões que apresentam carência de profissionais”.