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Poucas pessoas já ouviram falar sobre a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), que afeta os vasos dos pulmões, sobrecarrega o coração e tem uma evolução muito rápida, especialmente se não for diagnosticada precocemente.
Camila Lima Camilo, 21, estudante de psicologia foi diagnosticada aos 18 anos, depois de ter passado por todos os médicos pneumologistas de Rondonópolis, em Mato Grosso.
Ela conta que estava trabalhando quando sentiu uma falta de ar muito grande e precisou ser encaminhada às pressas para o hospital da cidade.
“Me deu uma dor no peito, eu não conseguia respirar, entrei em desespero e pedi ajuda para um colega de trabalho. Depois desse episódio passei por vários médicos, até que um pneumologista desconfiou que poderia ser a hipertensão pulmonar e me encaminhou para o Centro de Tratamento do Hospital Júlio Müller”. Após, vários exames foi constatada a doença e há 3 anos faço o tratamento”, relata Camila.
A presidente da Associação Brasileira de Amigos e Familiares de Portadores de Hipertensão Arterial Pulmonar, Paula Menezes, informa que o diagnóstico da enfermidade ainda é tardio porque o quadro da hipertensão pulmonar é semelhante ao de outros problemas de saúde, como asma, bronquite e embolia pulmonar.
“Ainda há médicos que, diante de um paciente com hipertensão pulmonar, dão o diagnóstico errado de estresse, transtornos psicológicos, estafa e consequências de sedentarismo. Foi assim com minha mãe, que só teve a doença detectada depois que peregrinamos mais de um ano por vários especialistas”, relata Paula.
“Se ela tivesse recebido assistência adequada, talvez alcançasse uma sobrevida maior”, diz Paula, cuja mãe faleceu quase três anos após descobrir que tinha a doença.
Paula luta para que as pessoas que convivem com a doença recebam cuidados e medicamentos que propiciem o tratamento correto da enfermidade. “Infelizmente, o Brasil só oferece três medicações das 12 que existem para o problema. Nosso objetivo, entre outras coisas, é fazer com que a oferta terapêutica se torne maior no nosso país”, diz.
A pneumologista do Hospital Júlio Müller, Keila Maia, destaca que a falta de ar progressiva, cansaço, tosse, inchaço nos pés, lábios azuis, dilatação do fígado ou abdômen são sinais que devem ser investigados a fundo.
Keila alerta que na maioria dos casos, quando a doença é descoberta, o paciente já está bastante debilitado. “Por se tratar de uma doença complexa e rara é muito difícil diagnosticar de imediato o paciente com a hipertensão arterial pulmonar. Porque ela pode ser de causa primária ou secundária”.
Outro ponto importante no caso dos pacientes é que a medicação não pode faltar para essas pessoas, porque são eles que dão uma qualidade de vida. “Nos últimos 15 anos, tivemos avanços significativos. Com as terapias disponíveis, melhoraram a qualidade de vida, a capacidade de exercício e a performance cardíaca dos pacientes, o que influencia na sobrevida”, avalia Keila.
Petição
A Abraf entrou com um pedido de petição online para pressionar o governo federal por mudanças no tratamento dos pacientes de HAP.
Paula destaca que é muito importante a sociedade assinar a petição, porque irão ajudar os pacientes a terem um tratamento digno e uma qualidade de vida maior.
A petição online já está disponível para assinatura no link: https://www.change.org/p/ministério-da-saúde-anvisa-governo-federal-conitec-conep-salvem-os-pacientes-de-hipertensão-pulmonar-no-brasil
