Entrevistado do “Bola da Vez” desta semana, que vai ao ar nesta terça-feira, às 21h30 (horário de Brasília), na ESPN Brasil, o coordenador de seleções da CBF, Gilmar Rinaldi, revelou detalhes de bastidores sobre a escolha do novo técnico do Brasil depois da saída de Luiz Felipe Scolari, após a Copa do Mundo-2014 e o famoso episódio do 7 a 1.
Segundo Rinaldi, ele se reuniu com o então presidente José Maria Marin (hoje preso) e o atual, Marco Polo Del Nero, e apresentou uma lista com cinco nomes. A escolha foi imediata.
“A decisão foi tomada em conjunto na casa do Marin. Cheguei com uma lista de cinco nomes: Tite, Marcelo Oliveira, Dunga, Muricy Ramalho e Abel Braga. Achamos que, naquele momento, para aquele momento, o melhor era o Dunga”, contou Rinaldi, que foi entrevistado pelo apresentador Dan Stulbach, pelo repórter André Plihal e pelo comentarista Paulo Calçade.
O coordenador da CBF também justificou a pressa com que a decisão foi tomada. O espaço entre a saída de Felipão e a chegada de Dunga ao comando foi de apenas seis dias: 14 de julho e 20 de julho.
“A decisão tinha que ser rápida. Pode até se questionar o nome (escolhido), mas tinha que ser rápida. Futebol tem que ser rápido. Viemos de uma derrota terrível, que ficou pra história, e alguma coisa tinha que ser feita”, afirmou o dirigente de 56 anos.
Para Rinaldi, o retrospecto favorável de Dunga em sua primeira passagem pela seleção e o “profundo conhecimento” do gaúcho sobre a equipe nacional foi mais do que suficiente para que a contratação fosse aprovada pela diretoria.
“(Na primeira passagem) Ele perdeu só 45 minutos de um jogo contra a Holanda [na Copa-2010]. Naquele momento, entendemos que o treinador tinha que ter um profundo conhecimento da seleção. O Dunga é multicapacitado, conhece a seleção desde os 13, 14 anos, porque foi convocado a vida toda, então ele tem aquela noção. Achamos, em conjunto, que ele era o cara certo”, ressaltou.
De acordo com o dirigente, as críticas em relação ao trabalho do treinador não fazem sentido, já que o ex-comandante do Internacional só tem melhorado a cada dia.
“Quando veem os treinamentos dele, os ex-jogadores sempre me chamam e perguntam onde ele foi buscar tanta variedade. Ele não faz auto-propaganda, mas esteve com os maiores treinadores do mundo nesse período (entre a primeira e a segunda passagem pela seleção), estudando, se aperfeiçoando… O conceito dele é atual, ele está em dia”, assegurou.
Gilmar Rinaldi Bola da Vez
© Reprodução TV Gilmar Rinaldi Bola da Vez
“A imprensa já admite que ele mudou, aprendeu, se informou. O Dunga é um cara que se você falar ‘tenho uma ideia pra te ajudar’, ele fala na hora: ‘quero ouvir’. Não está fechado para nada”, completou.
Rinaldi também comentou a revelação que o lateral direito Daniel Alves fez no “Bola da Vez”. De acordo com o jogador, o técnico Josep Guardiola, ex-Barcelona e hoje no Bayern de Munique, se colocou à disposição para assumir a seleção brasileira antes do Mundial de 2014. No entanto, a CBF optou por Luiz Felipe Scolari.
O coordenador, porém, se negou a discutir a possibilidade de um estrangeiro comandar o time pentacampeão do mundo, ao menos no momento. Para o ex-empresário, o cargo de Dunga deve ser respeitado.
“As pessoas podem gostar, não gostar, mas ele (Dunga) é o treinador da seleção. Todo dia falam: ‘Ah, mas e um treinador estrangeiro…’. Querem derrubar nosso treinador? Assumam! O treinador é ele, está escolhido, não é momento de falar em treinador estrangeiro. Nós temos treinador, respeitem o cargo ocupado. O dia que não tiver (treinador), a gente fala. Vamos respeitar o cargo do cara”, disparou.
“O Dunga olha pra esquerda, leva pancada, olha para a direita, leva pancada. É por isso que ele se fecha”, finalizou o cartola, que também garantiu que não voltará a trabalhar como agente após o fim de sua passagem como coodenador da CBF.
“Não volto a ser agente. No Brasil, parece que é feito ganhar dinheiro com futebol, você tem que fazer as coisas escondido”, reclamou Gilmar Rinaldi.